Política

Ausência de Bolsonaro e Lula mata interesse no debate da Band

Bolsonaro e Lula só irão a debates caso o principal oponente também vá, o que deve acontecer somente em segundo turno

Apenas 6% rejeitam tanto Lula quanto Bolsonaro, diz Datafolha (Fotos: Divulgação)

Bolsonaro afirmou que não comparecerá ao debate da Band marcado para esse domingo. Com a decisão do presidente, Lula também não deve comparecer no debate que é conhecido como palco tradicional do início dos embates entre candidatos.

São duas formas de ler essas ausências que praticamente matam o interesse da opinião pública pelo debate: sob o viés da democracia, ou sob a perspectiva do pragmatismo para ganhar a eleição. As leituras variam conforme o jeito que você enxerga a coisa.

Se pensarmos sob o que desejamos para a democracia no Brasil e o amadurecimento político da população, devemos lamentar a falta de debates. São momentos onde os candidatos podem se mostrar de forma mais sincera, sem a artificialidade do marketing do horário eleitoral de rádio e televisão. A contraposição de ideias, as perguntas incômodas, o detalhamento de projetos… Tudo isso pode ser feito nos debates.

Por outro lado, se analisarmos sob a perspectiva do pragmatismo de que todo candidato quer ganhar a eleição, realmente não faz sentido a presença de Bolsonaro ou Lula sem que o principal adversário também esteja lá. Se um desses comparecer e o outro não, naturalmente será o saco de pancadas dos demais candidatos que estão em patamar muito inferior nas pesquisas eleitorais.

Aprofundando no pragmatismo, o brasileiro já demonstrou que não usa debates para decidir o voto. Se assim fosse, não teria eleito Bolsonaro em 2018 quando ele se recusou a participar de debates mesmo quando já tinha condições com a recuperação da facada que sofreu.

Logo, tanto o presidente quanto o petista só têm a perder caso se exponham nesse tipo de ambiente.

Se eu tivesse algum tipo de poder de aconselhamento na campanha dos dois principais candidatos, recomendaria a ausência. Claro, quem trabalha em campanha está ali para levar quem o contratou à vitória. No segundo turno, a coisa muda de figura. Mas existe um risco para Bolsonaro nessa escolha: e se não tivermos segundo turno?

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Divulgação