REPERCUSSÃO

“Autoridades têm que dar resposta para a nação”, diz deputado sobre caso Flávio

Em meio ao turbilhão de polêmicas que envolve a família Bolsonaro, que agravou-se com a…

Em meio ao turbilhão de polêmicas que envolve a família Bolsonaro, que agravou-se com a saída do então ministro da Justiça Sérgio Moro (que fez acusações de tentativas de interferência do presidente na Polícia Federal), a Folha de S.Paulo divulgou que o senador Flávio Bolsonaro foi avisado por um delegado da PF no Rio sobre uma investigação que estava em andamento e que atingiria Fabrício Queiroz (esquema de rachadinha) durante o segundo turno da eleição de 2018 e que poderia prejudicar o então candidato, Jair Bolsonaro. Para o deputado federal goiano José Nelto (Podemos), “agora chegou o momento em que as autoridades competentes têm que dar uma resposta para a nação. PGR, STF e congresso também. Têm que agir em nome da moralidade e da preservação da República”.

Segundo a denúncia do empresário e suplente de Flávio Bolsonaro, Paulo Marinho, à Folha, o senador do Republicanos-RJ foi avisado com antecedência sobre a operação da PF. Também de acordo com ele, o senador disse que a Operação Furna da Onça foi adiada para que não ocorresse durante o segundo turno da eleição presidencial e atrapalhasse a campanha do então candidato Jair Bolsonaro.

À Folha de S.Paulo, o empresário afirmou que Flávio disse a ele e a dois advogados que o aviso foi feito por um delegado da PT, simpatizante da campanha de Jair Bolsonaro. O senador teria revelado, ainda, que foi orientado a exonerar Queiroz de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O que de fato ocorreu, bem como com a filha dele, Nathalia Queiroz, que foi exonerada do gabinete de Bolsonaro, então deputado federal, no mesmo dia: 15 de outubro de 2018.

Pandemias

Para José Nelto, o País vive hoje duas pandemias. A do coronavírus, que tem matado milhares de brasileiros e causado verdadeiro sofrimento à nação, e a da família Bolsonaro. “Quando não é o pai, são os filhos. Nunca vi tanta crise envolvendo corrupção, miliciano…” Desta forma, para ele, a denúncia colocada por Marinho é gravíssima e precisa ser apurada. “Quem fez foi o suplente de Flávio. Alguém que jamais faria sem o conhecimento de causa”, acredita. “A PF a serviço de uma pré-candidatura. Tem que ser investigado e exemplarmente punido perante a lei.”

Questionado o que esta nova denúncia representa em relação às acusações de Sergio Moro, que deixou o cargo de ministro afirmando que Bolsonaro queria interferir na PF, Nelto diz que esta vem para reforçar as preocupações do ex-juiz. “Nas eleições de 2018, a PF faz o jogo de um pré-candidato a presidente, quando tem que denunciar. Quando não o faz, está prevaricando.” O parlamentar, inclusive, lembra que o ex-presidenciável do PT, Fernando Haddad foi acusado no dia 3 de outubro de 2018, próximo ao pleito, pelo Ministério Público por corrução e lavagem de dinheiro – em fevereiro de 2019 ele foi inocentado. “Por que não fez o mesmo com o Bolsonaro?”, indaga.

Rubens Otoni, deputado federal pelo PT, ressalta que esta denúncia aponta interferência no processo eleitoral, “o que configura fraude eleitoral”. Para ele, fica clara a “interferência nas investigações o que configura obstrução de justiça”. Também do entendimento que a denúncia é grave, ele reafirma que esta não foi anônima, e que vem de dentro da casa de Bolsonaro. “Empresário, apoiador financeiro da campanha, suplente na chapa de Flávio Bolsonaro. Segundo, pela riqueza de detalhes. Encaixando com todos os fatos conhecidos.”

Impeachment

Sobre a possibilidade de impeachment, Otoni diz, ainda, que motivos não faltam para que haja a abertura do processo. “Bolsonaro se segura no ‘toma lá, dá cá’ que ele tanto criticou na campanha eleitoral. Entrega para o centrão espaços estratégicos como FNDE, Codevasp , Banco do Nordeste, DNIT, para tentar se segurar.
Mas uma hora, a casa cai”, acredita.

Questionado se o PT pretende protocolar um pedido de impedimento, ele diz apenas que “está cada vez mais evidente que o presidente não tem as mínimas condições para liderar o país em um momento tão delicado como esse”. Desta forma, ele complementa que o “impeachment é uma necessidade para o país voltar à normalidade”.

Já José Nelto, vê o impedimento como última medida. “Eu entendo que não pode sobrar dúvida perante o Congresso, nação brasileira, imprensa e opinião pública internacional. [Mas] É um escândalo, posso dizer, dos mais tenebrosos da história democrática do Brasil.”

Segundo ele, o Congresso deve aguardar uma reação do governo e da opinião pública, mais uma ou duas semanas. “Para abrir impeachment é preciso ter provas concretas. Diante das provas concretas, não resta dúvida que o Congresso, em nome da democracia e em respeito a Constituição Federal, terá que agir tomando todas as medidas, o que for necessário para preservar o País.”

Líder do governo

A assessoria de comunicação do deputado federal e líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL), para comentar sobre as denúncias feitas pelo empresário Paulo Marinho. Até o fechamento da matéria não houve retorno.