Auxiliares querem que Bolsonaro se vacine contra covid-19
Prestes a completar 66 anos, o presidente Jair Bolsonaro vem sendo pressionado por auxiliares mais…
Prestes a completar 66 anos, o presidente Jair Bolsonaro vem sendo pressionado por auxiliares mais próximos a entrar na fila da vacinação contra a Covid-19 em Brasília para tomar a primeira dose quando chegar a vez do grupo de sua faixa etária. Ainda não há uma previsão de data para que isso ocorra, já que o cronograma local depende de o Ministério da Saúde disponibilizar novos lotes de imunizante para o Distrito Federal.
Na próxima semana, a capital federal deve iniciar a vacinação para a faixa etária de 73 e 72 anos. Público-alvo desta etapa do cronograma, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, ainda não se pronunciou se vai se vacinar assim que houver disponibilidade ou se irá aguardar. No Planalto, há a expectativa de que Heleno se imunize e puxe fila da vacinação no governo.
A ideia faz parte da estratégia de tentar emplacar o discurso de que Bolsonaro, apesar das críticas feitas desde o início da pandemia, sempre teria apoiado a imunização. A “operação vacina” foi colocada em prática na tentativa de diminuir o desgaste do presidente diante do agravamento da crise sanitária, que já matou mais de 275 mil pessoas no país.
Na semana passada, Bolsonaro, que faz aniversário no dia 21 de março, admitiu pela primeira vez a possibilidade de se vacinar “lá na frente”. Segundo relatos de integrantes do alto escalão do governo, o presidente passou a considerar a vacinação com o argumento que a nova cepa do vírus tem uma letalidade maior.
Alguns meses antes, Bolsonaro chegou a dizer que não tomaria imunizantes contra a Covid-19 porque considerava estar imune à doença após ter contraído o vírus em julho do ano passado, entendimento sem base científica.
A mudança de postura de Bolsonaro já se reflete em auxiliares mais próximos, que costumam repetir posturas do presidente, como a de não usar máscara mesmo em aglomerações, por exemplo.
Na sexta-feira, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, de 64 anos, defendeu, nas redes sociais, que “está pronto para a vacina”. A publicação foi acompanhada de uma peça de publicidade do governo que dizia “vacinar para o Brasil não parar”. Ramos é próximo ao presidente Bolsonaro e foi seu colega na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
“Há cerca de 5 meses fui infectado com a covid-19 e, graças a Deus, tive poucos sintomas. Com a nova cepa, sei que posso me contaminar novamente. A vacinação é a melhor saída para este mal e é por isso que o governo está trabalhando dia e noite. Estou pronto para a vacina”, escreveu Ramos no Twitter.
Já o ministro das Comunicações, Fábio Faria, fez uma publicação na qual resgatou um texto do presidente Jair Bolsonaro de maio do ano passado dizendo que o então ministro da Saúde, Nelson Teich, demitido uma semana depois, havia se antecipado nas conversas sobre a vacina “para garantir prioridade na aquisição do recurso”.
Com a publicação, Faria argumentou que “o governo sempre trabalhou para adquirir vacinas”.
Nas redes sociais, um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, publicou uma imagem do mascote Zé Gotinha com uma seringa em forma de metralhadora e escreveu: “nossa arma agora é a vacina”. A palavra “agora” gerou reação nas redes, ao indicar que antes esta poderia não ser a prioridade. Eduardo, então, deletou o post e publicou outro em seguida, com o lema “nossa arma é a vacina”.