Política

Bolsonarismo de ressaca

Militância esperava apoteose comandada pelo Nero de plantão e teve que se contentar com o colo de Michel Temer

Michel Temer e Jair Bolsonaro (Foto: Wilson Dias - Agência Brasil)

A tal da vida de gado não é moleza mesmo. Mobiliza por dois meses, arruma treta em um monte de grupo de WhatsApp, leva block em tudo quanto é rede social, toca pra Brasília num calor do inferno e umidade do ar mais baixa que a do Saara, ouve zoeira o tempo todo para, no final de tudo, voltar pra casa sem aquilo que o mito prometia. O dia do “eu autorizo”, do “acabou, porra!”, do “chega de patifaria” terminou com uma grande brochada. Jair Bolsonaro soterrou sua tentativa de golpe nas mãos pequenas e astutas de Michel Temer. Que fiasco.

O imbrochável que chamava Alexandre de Moraes de canalha publicou uma nota meia bomba reconhecendo o saber jurídico do ministro do STF. O incomível sentou-se desavergonhadamente no colinho de Temer. O imorrível agora está morrendo de medo das consequências das bravatas que cuspiu no sete de setembro.

Bolsonarista, encoste sua cabecinha aqui no ombro do Pablão e chore. Levar um chifre dessa magnitude não é fácil, mas você supera.

Atenção coachs: pintou um mercado novo na praça. Levantar a autoestima de bolsonarista cabisbaixo é a oportunidade do momento. O dinheiro mais fácil pra ganhar por esses dias.

Já tem gado dizendo por aí que se trata de uma estratégia do mito. É claro que é um plano, meu filho. Mas não é para a derrubada do STF, é para fugir da cadeia. E também poupar a enrolada prole de passar uns tempos em cana.

O recuo de Bolsonaro tem a mesma credibilidade de promessa de bebum de ressaca dizendo que não mais beberá. Não inspira confiança alguma. Brasília já sabe que está lidando com um profissional da maloqueiragem institucional. Os ministros do STF têm consciência que o rabo só foi colocado entre as pernas momentaneamente. Daqui a pouco, ele volta a rosnar.

Mas se achávamos que Bolsonaro era um pitbull, a humilhação de divulgar uma nota escrita por Temer mostra que o feroz cachorro não é o animal apropriado para comparação. Bolsonaro é um Pinscher senil com tremeliques. Agora sim é mais preciso.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil