Movimentações financeiras

Bolsonaro afirma que saques de ex-assessor são indícios que a Justiça vai analisar

O Coaf apontou que Queiroz teve uma movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O alerta do órgão não se deve apenas ao volume, mas também à forma com que os recursos transitam no sistema financeiro

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que o volume de saques feitos pelo policial militar Fabiano Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), é um indício a ser analisado pela Justiça.

Bolsonaro evitou defender de forma enfática o ex-assessor, de quem é amigo há 34 anos. Afirmou que a detecção de movimentação atípica pelo Coaf não configura por si só uma ilegalidade. Mas atribuiu ao policial militar a necessidade de se explicar.

“Eu espero que esse processo, uma vez instaurado, ele se explique. Nada além disso”, disse o presidente eleito após formatura de oficiais na Escola Naval do Rio de Janeiro.

O Coaf apontou que Queiroz teve uma movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O alerta do órgão não se deve apenas ao volume, mas também à forma com que os recursos transitam no sistema financeiro.

O policial militar realizou 176 saques de dinheiro vivo em sua conta em 2016, uma média de um a cada dois dias. Os valores variam de R$ 100 a R$ 14 mil.

“São indícios que a Justiça vai somar a outros possíveis indícios para analisar se ele é culpado ou não”, disse Bolsonaro, que afirmou não ter conversado com o ex-assessor de Flávio Bolsonaro. “Eu não conversei com ele. Não seria prudente ele conversar comigo.”

O presidente eleito se preocupou principalmente em explicar o depósito de um cheque de R$ 24 mil na conta de sua mulher, Michelle Bolsonaro.

Ele declarou, como já havia feito, que o valor se refere ao pagamento de uma dívida que se acumulou ao longo dos anos. Foram, segundo ele, dez cheques de R$ 4.000, perfazendo um total de R$ 40 mil.

A conta da futura primeira-dama foi usada, de acordo com ele, porque ele não tem tempo de ir ao banco e dificuldade de andar na rua.

“Só não foi na minha [conta] por questão de mobilidade, eu ando atarefado o tempo todo para ir em banco. Pode considerar [como sendo] na minha conta. […] Deixei para a minha esposa. Lamento o constrangimento que ela está passando. Ninguém dá dinheiro sujo em cheque”, disse ele.

Bolsonaro afirmou que não declarou o empréstimo e o pagamento no imposto de renda à Receita Federal. “Se eu errei, arco com as minhas responsabilidades perante ao Fisco, sem problema nenhum”, disse.

“Conheço o senhor Queiroz desde 1984. Depois nos reencontramos, eu como deputado federal e ele sargento da Polícia Militar. Somos paraquedistas. Continuou uma amizade. Em muitos momentos estivemos juntos em festas, eventos, até porque me interessava ter uma segurança policial ao meu lado. Com o tempo foi trabalhar com o meu filho”, disse, sobre o relacionamento com o policial militar.