CHEFE SUPREMO

Bolsonaro ameaça acionar Exército contra medidas restritivas de governadores

Declaração foi feita pelo presidente durante entrevista concedida à TV A Crítica após ser perguntando pelo apresentador sobre uma medida mais enérgica

Bolsonaro cumprimenta socialista Pedro Castillo por eleição no Peru (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçou acionar as Forças Armadas contra medidas de restrição estabelecidas por governadores para combater a pandemia da Covid-19, durante entrevista concedida à TV A Crítica, no Amazonas.

“O que eu me preparo, não vou entrar em detalhes… O caos no Brasil. Já falei que essa política do lockdown, do toque de recolher, essa política de ‘fique em casa’… Isso é um absurdo”, criticou Bolsonaro, após ser questionado pelo apresentador se já não estaria na hora de uma reação mais enérgica dele, na linha, “ora, vamos parar com isso”.

“Se tivermos problemas, nós temos um plano de entrar em campo. Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar, nós iremos para as ruas. Mas não para manter o povo dentro de casa, e sim para restabelecer todo o artigo 5º da Constituição. Se eu decretar isso, vai ser cumprido este decreto. Então, as nossas Forças Armadas podem ir para a rua um dia, sim, dentro das quatro linhas da Constituição para fazer cumprir o artigo 5º, direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher, [garantir o] direito ao trabalho, liberdade religiosa de culto, para cumprir tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores e alguns poucos prefeitos.”

O artigo 5º da Constituição Brasileira, citado por Bolsonaro na entrevista, diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

Bolsonaro tem feito críticas constantes às medidas restritivas e aos governadores, que, por sua vez, aumentaram a pressão sobre o presidente diante da ineficiência do governo federal no combate à pandemia. Em março, por exemplo, ele criticou o toque de recolher decretado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para conter a transmissão do coronavírus.

Nas últimas semanas, o Brasil viu a explosão no número de casos e mortes em decorrência da covid-19. Há 38 dias, desde 17 de março, o índice de mortes tem se mantido acima de 2.000. A taxa é atualizada com base na última atualização do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, junto às secretarias estaduais de saúde.

Crítica ao STF

Na entrevista, o presidente voltou a criticar o que considera um “poder excessivo que lamentavelmente o STF (Supremo Tribunal Federal) delegou”. Para Bolsonaro, qualquer decreto de governador e prefeito “leva um transtorno à sociedade”.

“Agora o que acontece? Eu não posso extrapolar, e isso alguns querem que a gente extrapole. Eu estou junto com meus 23 ministros, você pega da Damares ao Braga Netto, todos, 23, praticamente conversados sobre isso aí, o que fazer se um caos generalizado se instalar no Brasil pela fome, pela maneira covarde como alguns querem impor essas medidas”, afirmou.

Imunização de rebanho

Para Bolsonaro, com a vacinação caminhando logo se chegará à imunização de rebanho e o Brasil poderá tirar a máscara, afirmando que quem diz que a proteção facial não incomoda é mentiroso.

O país superou a marca de 28.765.257 brasileiros que receberam pelo menos uma dose de imunizante contra a doença, o que equivale a 13,58% da população, segundo dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

Importância da reforma tributária

Durante a entrevista, Bolsonaro também reconheceu a importância da reforma tributária, mas destacou que se deve buscar um projeto que seja aprovado pelo Congresso.

Ele disse que tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, insistindo nesse ponto, que não deve ser o que o ministro quer, mas o que possa ser aprovado pelos parlamentares.

Mas até agora, mesmo Guedes só apresentou ao Congresso parte do que seria sua proposta de reforma tributária. O tema está sendo discutido em uma comissão mista de deputados e senadores.