ISOLADO

Bolsonaro coleciona ex-aliados em menos de 1 ano e meio de gestão

Além de Moro, que deixa o governo com acusações, presidente rompeu com governadores, deputados e outros ministros

Jair Bolsonaro (sem partido) tem perdido aliados desde o começo de seu governo. Nesta sexta-feira (24), porém, ele perdeu um nome de seu quadro: Sergio Moro. O ex-ministro da Justiça além de informar sua saída, acusou o presidente de interferência política na Polícia Federal.

Mas esta não é a primeira vez – e provavelmente não será a última -, que Bolsonaro perde um aliado. Em 25 de março, Ronaldo Caiado (DEM), também apoiador de Jair, rompeu oficialmente com o gestor federal. À época, o democrata se indignou com os ataques feitos pelo presidente aos governadores e por tratar a pandemia do novo coronavírus como “um resfriadinho, uma gripezinha”.

“Como médico e governador não posso concordar com um presidente não tem consideração com seus aliados”, destacou o governador de Goiás. Posteriormente, em 11 de abril, eles se encontraram em Águas Lindas de Goiás, nas obras do hospital de campanha, mas não houve comentários acerca de uma reaproximação. Dias depois, o presidente perdeu outro aliado: o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que foi exonerado em 16 de abril.

Com discurso pelo isolamento horizontal no combate a pandemia do coronavírus, diferende de Bolsonaro, que defende a reabertura da economia, Mandetta, já demitido, disse aos aos servidores do ministério que façam uma defesa intransigente “da vida, do SUS e da Ciência”.

Ex-aliado de primeira hora

Aliado de primeira hora de Bolsonaro, do deputado federal delegado Waldir (PSL) é outro nome que rompeu com o presidente em clima de animosidade. O líder do Executivo federal, antes do rompimento, chegou a articular para que o goiano perdesse a liderança do PSL na Câmara, o que acabou ocorrendo depois de reviravoltas. O cargo foi entregue ao filho do gestor, Eduardo Bolsonaro, em outubro passado.

Ainda naquela época, um áudio de Waldir em que chama Bolsonaro de “vagabundo” vazou. O parlamentar confirmou a veracidade e afirmou que foi movido pela “ingratidão”.

Bebianno e Bivar

Um dos primeiros nomes a deixar o presidente foi Gustavo Bebianno, em 19 de fevereiro do ano passado. Ele, que foi presidente PSL nacional, era suspeito de irregularidades no repasse de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para candidatas do partido. Apesar disso, ele chegou a dizer em entrevista que foi demitido por “implicância de Carlos e do Eduardo”, filhos do presidente.

Outro desafeto é Luciano Bivar, presidente do PSL. Ele e Bolsonaro já vinham em desgaste, quando em um vídeo o presidente aparecia dizendo que ele estava “queimado pra caramba”.

O partido rachou entre bolsonaristas e bivaristas (com Waldir desse lado), o que culminou com saída do gestor federal e seu filho Flávio Bolsonaro, senador, no fim do ano, para a criação de um partido próprio, o Aliança pelo Brasil – que ainda não foi efetivado.

Outros mais

Alexandre Frota, outro aliado, foi expulso do PSL – antes do racha – após criticar o presidente publicamente por tentar nomear o filho Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Ele também brigou com o “guru” do bolsonarismo, Olavo de Carvalho. Frota acabou entrando no PSDB.

E por falar em Olavo de Carvalho, General Santos Cruz acabou demitido por falta de alinhamento político-ideológico da Secretaria de Governo, em 13 de de junho de 2019. Em 26 de novembro, em audiência pública na CPI das Fake News, ele chamou o guru de “vigarista profissional”. A ele também é atribuída problemas de articulação entre o Planalto e o Congresso.

Já a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) virou alvo após apoiar o deputado delegado Waldir, no embate pela liderança da sigla na Câmara. Depois disso, entrou em atrito direto com os filhos de Bolsonaro e passou a ser atacada pelas redes sociais.

Governadores

Entre os governadores, Wilson Witzel (PSC) e João Doria (PSDB) são ex-aliados, agora desafetos. O primeiro foi acusado pelo presidente de conspirar contra ele, vazando informações para a matéria jornalística, que citava o porteiro do condomínio onde o gestor e um suspeito moram, relacionadas ao caso de Marielle. Além disso, Bolsonaro diz que Witzel está de olho na presidência, em 2022.

João Doria, que nega o slogan “Bolsodoria” em 2018, viu o relacionamento estremecer, uma vez que aumejaria a cadeira da presidência, em 2022. Antes de brigar com Witzel, Bolsonaro chegou a falar em transferir a Fórmula 1 de São Paulo para o Rio.