Bolsonaro conseguiu levar bolhas das redes sociais para as ruas nos atos de 7 de setembro
Jair Bolsonaro conseguiu levar bolhas das redes sociais para as ruas durante os atos de…
Jair Bolsonaro conseguiu levar bolhas das redes sociais para as ruas durante os atos de 7 de setembro, em Brasília e em São Paulo, na última terça-feira. A avaliação é do pesquisador de ciências políticas, Guilherme Carvalho, que aponta que o objetivo do presidente, neste sentido, foi atingido.
“A intenção de Bolsonaro era mostrar movimentação. E que as bolhas das redes sociais poderiam ser transplantadas para as ruas. Isso ele conseguiu”, reforça o pesquisador.
“Isso é uma réplica de uma estratégia que já vem adotando: ele estressa a relação com um ‘adversário alugado’, que já foram os partidos tradicionais, o PT, o Congresso como um todo e agora é o ministro Alexandre de Moraes”, continua.
O que pode acontecer após atos de 7 de setembro?
A relação “de stress” provocada por Bolsonaro contra inimigos criados por ele gera reações contundentes. Após os atos de 7 de setembro e falas antidemocráticas, PSDB, PSD e DEM demonstraram favoráveis ao impeachment do presidente.
A avaliação do cientista político é de que esse “stress” gerado por Bolsonaro afronta não somente a relação com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas afeta pontos de pressão que o Poder Judiciário tem sobre o Congresso.
Segundo ele, tudo isso torna a relação mais entre poderes mais complexa, ambiente em que também se torna mais difícil de partidos manterem a neutralidade.
“O presidente não se isola [com os atos de 7 de setembro]. Isolado ele já está há muito tempo. Agora, abre Caixa de Pandora e não sabemos o que vai acontecer daqui para frente”.
Ele completa: teremos consequências e não sabemos quais. Haverá pressão do Supremo em relação aos grandes atores do Congresso Nacional“, aponta.
Impeachment: Jair Bolsonaro está em encruzilhada ou isolamento?
O fiel da balança pode ser o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que está comprometido não com o governo Bolsonaro, mas com sua reeleição.
Importa ao Centrão que ele continue liberando, através com sua interlocução junto ao governo, as emendas orçamentárias para garantir reeleições de atores menores na casa.
“Isso só é possível se houver boa interlocução entre Arthur Lira e Bolsonaro. A partir do momento que um processo de impeachment seja aberto com oposição relativamente grande, esse cofre é fechado. O que pode atrapalhar”, sublinha Guilherme.
Nesse contexto, continua o cientista político: “não se trata de isolamento, mas de uma encruzilhada em que o Congresso vai calcular se vale a pena manter ‘uma cegueira proposital’ ou se vai ceder às pressões do Judiciário com abertura de impeachment, já que todas as causas estão demonstradas”, aponta Carvalho.
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