Bolsonaro defende direito de Olavo de criticar e diz que engole sapo
O presidente ressaltou que recebe críticas "muito graves" todos os dias e nem por isso reclama
Em meio a um embate entre os núcleos militar e ideológico, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu nesta terça-feira (7) o direito do escritor Olavo de Carvalho de fazer críticas a integrantes de sua equipe ministerial.
Em entrevista à imprensa, após evento no Palácio do Planalto, ele foi perguntado se não chegou a hora do ideólogo de direita reduzir as críticas. Em resposta, o presidente defendeu a liberdade de expressão dele.
“O Olavo é dono do seu nariz. Como eu sou do meu e você é do seu. Então, liberdade de expressão”, afirmou.
O presidente ressaltou que recebe críticas “muito graves” todos os dias e nem por isso reclama. Ele disse que “engole sapos” e mesmo assim não responde aos ataques.
“Eu recebo criticas muito graves todo dia e não reclamo. Inclusive, olha só. O pessoal fala muito em engolir sapo. Eu engulo sapo pela fosseta lacrimal [órgão sensorial presente em serpente] e estou quieto aqui, ok?”, disse.
No mesmo evento, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) saiu em defesa do escritor e disse que ele segue tendo razão em suas análises sobre cenário político.
Para o filho do presidente, o ideólogo de direita, apesar das críticas feitas pelo núcleo militar, tem ajudado o governo em suas observações feitas nas redes sociais.
“Eu acho que ele ajuda. Eu acredito que alguns assunto têm de ser resolvidos internamente, mas ele não tem essa possibilidade estando lá fora. Agora, é uma pessoa que ganhou muita notoriedade e, se não fosse ele pautando determinados debates, talvez eles não ocorressem”, afirmou.
Nas últimas semanas, seguidores de Olavo, incluindo filhos do presidente, iniciaram uma série de críticas públicas a militares do Palácio do Planalto, como o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Santos Cruz, ambos generais da reserva.
Na segunda-feira (6), o núcleo militar resolveu reagir diante do que chamou de apatia do presidente. Para eles, como comandante das Forças Armadas, cabia a ele dar um posicionamento assertivo em defesa da categoria.
Bolsonaro, no entanto, seguiu o caminho oposto. Ma manhã desta segunda-feira (7), elogiou o escritor, ressaltou que ele tornou-se rapidamente um “ícone” e fez questão de dizer que o admira.
Na sequência, participou de almoço com a cúpula militar. Segundo relatos feitos à Folha de S.Paulo, no almoço, generais presentes chegaram a questionar o presidente sobre os ataques. Um deles avaliou inclusive que eles não contribuem com o êxito do governo.
O presidente ouviu as críticas e, de acordo com assessores palacianos, minimizou o conflito. Ele tratou o episódio como superado e disse que é hora de virar a página.