Bolsonaro diz que negociou com Moraes arquivamento do inquérito das fake news
Bolsonaro (PL) revelou qual seria a parte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre…
Bolsonaro (PL) revelou qual seria a parte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no suposto acordo feito na presença do ex-presidente Michel Temer (MDB), quando o emedebista o auxiliou na “carta à nação” divulgada após os atos do 7 de setembro de 2021. O magistrado deveria arquivar o inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos, segundo o presidente.
“Conversei três vezes com ele [Moraes]. O [Michel] Temer estava lá ninguém nega, a carta eu assinei, fui ofendido por palavras mais variada possíveis, mas o que eu conversei com Alexandre de Moraes foi uma pacificação, o Temer entrou com carta, ele entrava em outras coisas, entre elas, em poucas semanas o arquivamento dos inquéritos de fake news e atos antidemocráticos. Ele cumpriu algo? Não”, disse Bolsonaro em evento religioso no Amazonas no sábado (18), conforme divulgado pela CNN Brasil.
Há pouco mais de dez dias, o mandatário do País reclamou ao programa Perspectivas, do SBT, que Moraes não cumpriu nenhuma parte do combinado. “Não falei isso para ninguém, estou falando primeiro para você. Estava eu, Michel Temer e um telefone celular na minha frente. Ligamos para o Alexandre de Moraes e falamos três vezes com ele, e combinamos umas certas coisas para assinar aquela carta. Ele não cumpriu nenhum dos itens que eu combinei com ele”, disse naquele dia.
Michel Temer, responsável por articular o diálogo, já informou não ter ocorrido nenhum acordo. Segundo ele, o recuo de Bolsonaro não envolvia qualquer contrapartida. Alexandre de Moraes não comentou o caso.
Carta à nação
Na carta pública de Bolsonaro feita com o auxílio de Temer, o presidente disse que nunca teve intenção de agredir qualquer Poder. O posicionamento ocorreu após o desgaste gerado pelos atos em favor do governo federal no último dia 7 de Setembro, quando apoiadores pediram, entre outras coisas, o impeachment dos ministros do STF.
O próprio Bolsonaro exclamou, em discurso na avenida Paulista, São Paulo, que o sistema eleitoral brasileiro não oferecia segurança e que não cumpriria decisões do “senhor Alexandre de Moraes”.
Na carta, contudo, ele amenizou: “A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.” Ele reconheceu que parte das divergências decorrem de conflitos com o ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news, mas afirmou que seus discursos decorreram do calor do momento.
“Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.” No fim, ele argumentou que sempre esteve disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
No mesmo mês, em entrevista ao programa Roda Viva, da Cultura, o ex-presidente Temer disse que Bolsonaro admitiu a ele que exagerou no discurso do 7 de setembro.