Bolsonaro faz 1º ato de campanha em Juiz de Fora e fala de milagres e socialismo
Presidente encontra religiosos em cidade na qual levou a facada, há quatros anos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou sua campanha eleitoral, nesta terça-feira (16), com um encontro com lideranças religiosas no Aeroclube de Juiz de Fora (MG). A elas falou em milagres, disse que o Brasil marchava para o socialismo e prometeu queda na taxa do desemprego.
Bolsonaro estava acompanhado de seu candidato a vice e ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do coordenador de campanha, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além de candidatos locais, como o senador Carlos Viana (PL), que disputa o governo mineiro.
“O Brasil estava à beira de um colapso, com problemas éticos, morais e econômicos, e marchava, sim, a passos largos para o socialismo”, afirmou o chefe do Executivo.
Em seu discurso à plateia de religiosos, ele falou ainda em três milagres: sobrevivência à facada, em 2018; sua eleição; e a formação de uma equipe de ministros “sem aceitar pressões partidárias”.
Pressionado pelas críticas em torno de sua gestão na pandemia de Covid, inclusive com a instauração de uma CPI no Senado, Bolsonaro se aliou ao centrão. Além de se filiar ao PL de Valdemar Costa Neto, hoje o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um dos seus principais aliados. A Casa Civil, principal pasta do governo, é chefiada por Ciro Nogueira, dirigente do PP.
Bolsonaro também voltou a lembrar as igrejas fechadas durante a crise sanitária, quando estados e municípios implementaram políticas de isolamento social para impedir o avanço do coronavírus. Em sua fala, disse ainda que a economia estaria se recuperando. Prometeu redução da taxa de desemprego para 8% (hoje em 9,2%) em setembro e defendeu o prêmio Nobel da Economia para seu ministro Paulo Guedes.
“Empregos também [estão] aparecendo. No próximo mês, tenho certeza, vamos entrar na casa dos 8%. Ninguém poderia esperar isso, a não ser o PG [Paulo Guedes], que trabalhou arduamente nessa questão. Ele merece o prêmio Nobel de economia”, afirmou o presidente.
Após o ato no aeroclube de Juiz de Fora, Bolsonaro realizou uma motociata e deve seguir para o calçadão Halfeld, onde sofreu a facada, há quatro anos. Também deve discursar em um trio elétrico no local.
A campanha eleitoral começa oficialmente nesta terça, a 45 dias do primeiro turno. Pesquisas de intenção de voto mostram o chefe do Executivo em segundo lugar. De acordo com levantamento do Ipec, divulgado na segunda-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 44%, contra 32% de Bolsonaro.
A campanha do candidato do PL começa com sua equipe otimista com a expectativa de colher impacto eleitoral com a melhora de indicadores econômicos e o pagamento de benefícios sociais recém-aprovados, no valor total de R$ 41,25 bilhões, às vésperas da eleição.
Nesta primeira etapa da campanha, a estratégia será intensificar agendas no Sudeste, para consolidar seu desempenho nos maiores colégios eleitorais do país e tentar reverter a rejeição entre jovens e mulheres. Para tal, a campanha aposta numa maior presença da primeira-dama em eventos eleitorais e viagens.
Na semana que antecedeu o início da campanha, Bolsonaro e aliados tiveram um alívio com a melhora em pesquisas internas. A campanha atribui a mudança à queda na inflação e no preço dos combustíveis.
Na esteira da queda no preço dos combustíveis e da energia elétrica, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou deflação de 0,68% em julho. É a menor taxa já registrada desde 1980.
A queda, contudo, ficou concentrada especialmente em transportes e habitação. Os alimentos e as bebidas subiram 1,3% no período. A comida cara castiga sobretudo o bolso dos mais pobres, faixa do eleitorado em que o presidente tem mirado para melhorar o seu desempenho.
No último dia 9, mais de 20 milhões de famílias passaram a receber R$ 600 do Auxílio Brasil, benefício sucessor do Bolsa Família. O montante será pago até o final do ano. O aumento do valor do programa está no mesmo pacote que dobrou o valor do vale-gás e concedeu um auxílio a caminhoneiros autônomos.
Nesse quadro, os recentes atos de leitura de cartas em defesa da democracia, com o apoio de importante parcela do empresariado, foram minimizados pela campanha de Bolsonaro. Aliados do mandatário classificaram o movimento de petista. A estratégia do entorno do presidente para fazer frente às adesões aos textos pró-democracia é dobrar a aposta nos atos bolsonaristas previstos para o 7 de Setembro.
A expectativa é conseguir no Dia da Independência uma forte adesão e, dessa forma, projetar força nas ruas. Bolsonaro e aliados intensificaram na última semana as convocações para as manifestações.
As agendas do presidente nesta primeira semana focarão os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Dos mais de 156 milhões de brasileiros aptos a votar neste ano, quase 67 milhões estão no Sudeste.