COM AGLOMERAÇÃO

Bolsonaro, Guedes e empresários vão a pé ao STF pressionar por reabertura da economia

Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que era um encontro de 'cortesia'; Toffoli defendeu diálogo entre Poderes, estados e municípios

Acompanhado de diversos ministros e empresários da indústria, o presidente Jair Bolsonaro foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) no fim da manhã desta quinta-feira. O presidente e os auxiliares fizeram o caminho entre o Palácio do Planalto e o STF a pé.

De acordo Paulo Guedes,  titular da Economia, o objetivo era fazer uma “visita de cortesia” à Corte e repassar informações sobre a atividade econômica que o governo recebeu em uma reunião pela manhã.

A maioria dos integrantes da comitiva estava de máscara, mas houve aglomeração durante a caminhada. Com o deslocamento de última hora — não houve um aviso formal sobre para onde o presidente iria —, também houve momentos de aglomeração entre os profissionais de imprensa que precisaram acompanhar a visita.

A reunião entre o presidente, ministros, empresários e o presidente do STF ocorre um dia após o Ministério da Saúde anunciar que a epidemia do novo coronavírus registrou novos recordes, com 10.503 novos registros da doença e 615 mortes. Com isso, o Brasil chega a 125.281 casos da Covid-19 e 8.536 óbitos até o momento. Os dados foram divulgados na noite desta quarta-feira.

Em meio ao aumento de casos e mortes em todo o país, governadores e prefeitos começam a decretar lockdown, quando se restringe ainda mais a circulação de pessoas de pessoas com medidas mais duras no combate a disseminação do vírus. A medida é vista por pesquisadores e especialistas como uma das únicas formas de frear o aumento exponencial do novo coronavírus.

Além de Bolsonaro, estavam presentes diversos ministros, como Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Paulo Guedes (Economia) e o senador Flávio Bolsonaro.

Bolsonaro reuniu-se nesta manhã com representantes de diversos setores da economia. Estiveram no encontro presidentes de associações de fabricantes de veículos, indústria química, farmacêutica, construção, calçados, entre outros.

— 45% do PIB brasileiro vieram nos contar que economia brasileira está conseguindo preservar sinais vitais. Eles (ministros) vão simplesmente ouvir — disse Guedes. — Visita de cortesia ao Supremo para eles terem as mesmas informações que nós recebemos.

Ao ser questionado se a visita tinha o objetivo de “pressionar” o STF, Bolsonaro pediu ao repórter que parasse de “falar besteira”. Também foram ao Supremo os ministros André Mendonça (Justiça), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

No encontro, Guedes afirmou que os industriais e o setor de serviços sempre passaram para o governo que estavam conseguindo se manter, cenário que piorou recentemente. Por essa razão, segundo o ministro, eles decidiram levar os empresários ao presidente do STF, Dias Toffoli.

– Agora o sinal que nos passaram é que está difícil, economia está começando a colapsar, aí nós não queremos o risco de virar uma Venezuela, risco de virar sequer de virar uma Argentina, que entrou em desorganização, inflação subindo, todo aquele pesadelo de volta – disse.

Após o encontro, Bolsonaro disse que vai ampliar a lista de atividades que são consideradas essenciais e, portanto, poderão funcionar normalmente em meio à pandemia do coronavírus. O primeiro setor a entrar para o rol será o da construção civil – Bolsonaro disse que assinou o decreto no início desta tarde.

Toffoli defende diálogo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, sugeriu no encontro que o planejamento para a retomada da economia deve ser feito com diálogo entre Poderes, estados e municípios.

– É fundamental isso. Talvez num comitê de crise, envolvendo a federação, os poderes, para exatamente junto com o empresariado, com os trabalhadores, pensar nessa necessidade que temos de traduzir na realidade esse anseio, de trabalhar, produzir, manter empregos – disse.

Toffoli disse que as pessoas já estão saindo do isolamento social e defendeu que essa saída deve ser feita em coordenação.

– As pessoas estão saindo às ruas, porque está chegando numa situação que as pessoas´já querem sair, tem que ter essa saída de uma maneira coordenada, é fundamental uma coordenação com estados e municípios.

Empresários

O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, abriu a reunião dando um diagnóstico do setor. Segundo ele, o setor automativo está com 25 fabricantes pardos, o de máquinas e equipamento tem 47% das empresas fechadas e o setor de aço teve, em abril, o pior mês de venda desde 1995.