'FICA PRA TRÁS'

Bolsonaro manda vice-governadora de SC ficar para trás enquanto acena para apoiadores

Daniela Reinehr, do partido do presidente, obedeceu durante evento evangélico em Balneário Camboriú

Vice-governadora de Santa Catarina Daniela Reinehr e Bolsonaro (Foto: Presidência da República)

Em evento evangélico em Balneário Camboriú (SC), o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ríspido com a vice-governadora do estado, Daniela Reinehr (PL), e a mandou “ficar para trás” enquanto ele acenava para apoiadores.

Reinehr é apoiadora de Bolsonaro e deve concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados neste ano.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra Bolsonaro se aproximando do público de mãos dadas com Luciano Hang, da Havan. Reinehr começa a acompanhá-los, quando Bolsonaro adverte, em tom de irritação.

“Fica para trás, meu Deus do céu”, diz o presidente. A vice-governadora, então, obedece e não avança adiante.

A reportagem busca contato com a vice-governadora por meio da assessoria do Governo de Santa Catarina.

Depois do episódio, opositores de Bolsonaro relembraram outras situações em que ele desrespeitou mulheres ao longo de sua carreira, como quando disse à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) que ela não merecia ser estuprada, e os constantes ataques a jornalistas mulheres.

Reinehr, que chegou a comandar o estado durante os processos de impeachment do governador Carlos Moisés (Republicanos), hoje é rompida com o governador e já causou polêmica ao evitar responder se concorda com ideias neonazistas e negacionistas sobre o Holocausto judeu durante a Segunda Guerra Mundial.

Seu pai, Altair Reinehr, professor de história, já escreveu textos em que relativiza o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Após ser cobrada, a vice-governadora declarou ser contrária ao nazismo.

Na marcha evangélica, Bolsonaro ignorou a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, que é pastor evangélico, e as suspeitas de que avisou o ex-ministro de operação da Polícia Federal para investigar corrupção no governo.

Bolsonaro preferiu focar temas caros ao eleitor religioso, como aborto, que se tornou um dos alvos das redes sociais bolsonaristas com o caso da menina de 11 anos que vinha sendo impedida de abortar pela Justiça de Santa Catarina.

“Um lado defende o aborto, o outro é contra. Um lado defende a família, o outro quer cada vez mais desgastar os seus valores. Um lado é contra a ideologia de gênero, o outro é favorável. Um lado quer que seu povo se arme para que cada vez mais se afaste a sombra daqueles que querem roubar essa nossa tão sagrada liberdade”, afirmou.