ECONOMIA

Bolsonaro pede a bancos que reduzam juros no empréstimo consignado

Em encontro com os grandes bancos nesta segunda-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que os…

Em encontro com os grandes bancos nesta segunda-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que os juros cobrados na modalidade do empréstimo consignado sejam reduzidos pelas instituições financeiras.

O chefe do Executivo participou nesta segunda de encontro com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e a CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras) em São Paulo.

Febraban é uma das instituições que decidiu assinar o manifesto organizado por entidades da sociedade civil em defesa da democracia.​ Estavam presentes no evento nesta segunda Milton Maluhy Filho (presidente do Itaú), Octávio de Lazari Junior (presidente do Bradesco), Luiz Carlos Trabuco (presidente do conselho de administração do Bradesco), Mário Leão (presidente do Santander), Sérgio Rial (presidente do conselho de administração do Santander), Fausto Ribeiro (presidente do BB), Daniella Marques (presidente da Caixa) e Isaac Sidney, presidente da Febraban.

“Faço um apelo para vocês. Vai entrar o pessoal do BPC [Benefício de Prestação Continuada] no empréstimo consignado. Isso é garantia, desconto em folha. Se puderem reduzir o máximo possível, porque ainda estamos no final da turbulência, para que todos nós possamos cada vez mais mostrar que o Brasil não é mais um país do futuro, é do presente”, afirmou Bolsonaro na sede da Febraban, na capital paulista.

O Senado aprovou em julho medida provisória que autoriza a concessão de empréstimo consignado para quem recebe o BPC (benefício voltado a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência) e aumenta a margem dos créditos consignados para aposentados e pensionistas.

O encontro nesta segunda foi uma tentativa de reaproximação com um setor que tem se posicionado de modo mais crítico nas últimas semanas, desde que Bolsonaro fez uma apresentação a embaixadores estrangeiros com ataques ao sistema eleitoral.

O episódio foi ponto de partida para dois manifestos em defesa da democracia: um organizado pela sociedade civil, intitulado “Carta aos brasileiros e brasileiras em defesa do Estado Democrático de Direito”, que já conta com mais de 780 mil assinaturas; outro, pela Fiesp, em defesa da Democracia e Justiça.

Durante seu discurso na Febraban, Bolsonaro também criticou a assinatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao manifesto em defesa da democracia, associando o candidato petista ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega.

Lula está em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência, seguido por Bolsonaro, em segundo.

Dentre os signatários do primeiro manifesto, estão os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, copresidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco, e o colunista da Folha Candido Bracher, ex-presidente da instituição financeira e hoje também integrante de seu conselho.

Os documentos serão lançados em um evento na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) no próximo dia 11.

“Vocês têm que olhar na minha cara, ver as minhas ações, e me julgar por aí”, afirmou Bolsonaro. “Não vou assinar cartinha”, acrescentou o presidente, que durante sua fala também defendeu a autonomia do BC (Banco Central).

Essa não é a primeira vez que o presidente critica os manifestos. O presidente vem tentando desqualificar os documentos e já chamou os signatários da carta de “empresários mamíferos”.

“Esse pessoal que assina esse manifesto é cara de pau, sem caráter, não vou falar outros adjetivos, porque sou uma pessoa bastante educada”, disse o mandatário, em entrevista recente à Rádio Guaíba.

Em outra ocasião classificou-a como “cartinha” e atribuiu a adesão dos bancos a ela, porque o governo teria dado uma “paulada” neles com a criação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos.

Os ministros Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Casa Civil) e o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas, também estavam na plateia de convidados na sede da federação dos bancos.

“Foi uma oportunidade de fazer uma retrospectiva do que o Brasil passou, e de como está saindo”, afirmou Tarcísio de Freitas sobre o almoço, em conversa com jornalistas na saída do encontro.

O candidato ao governo paulista afirmou que o país é um dos únicos hoje que está crescendo e gerando emprego, e com medida para controlar a alta da inflação.

“A gente fala tanto em respeito às instituições, olha como foi importante, isso foi falado aqui, ter um Banco Central independente. Ele foi o primeiro banco central a subir juros, e vai ser o primeiro a baixar juros, porque a inflação está cedendo.”