Bolsonaro pode acabar com o agronegócio em doze meses, diz Ciro
O candidato deu as declarações ao lado de sua vice, Katia Abreu, que o apresentou a produtores rurais e empresários nortistas. É um esforço de aproximação com um público que tem mais simpatia por Bolsonaro
Ciro Gomes disse, nesta sexta-feira (24), em encontro com produtores rurais em Palmas (TO), que a estratégia econômica de Jair Bolsonaro (PSL) pode quebrar o agronegócio em doze meses.
“O Paulo Guedes [economista de Bolsonaro] tem uma compreensão de economia do país que acaba com o agronegócio. Ele é a favor do fim do subsídio, porque os ultraliberais acham que o subsídio distorce o capitalismo”, disse.
Em entrevista à GloboNews, na noite de quinta-feira (23), Guedes, escolhido para ser ministro da Fazenda de Bolsonaro, disse que, se depender dele, “não pode haver subsídios para setores específicos, a não ser que muito bem fundamentados”.
Para Ciro, não há como cortar os subsídios para produtores rurais com as atuais taxas de juros que, segundo ele, estão em 41% na ponta da cadeia econômica.
“O Brasil tem a maior taxa de juros do mundo. Imagine a agricultura brasileira, que tem simpatia pelo Bolsonaro porque ele denuncia mazelas, se o subsídio acaba? Em doze meses, o agronegócio fecha, porque não tem agricultura que pague 41% de taxa de juros”, disse.
Ciro Gomes deu as declarações ao lado de sua vice, Katia Abreu, que o apresentou a produtores rurais e empresários nortistas. É um esforço de aproximação com um público que tem mais simpatia por Bolsonaro, o que Ciro reconhece.
“A questão do Jair Bolsonaro é que ele não apresenta nenhuma proposta. Ele representa a negação que parte importante de nosso povo está fazendo da política. Vamos ter a humildade para respeitar a opinião de nosso povo. A política tradicional apodreceu, ela chafurda no privilégio e na mentira”, disse.
Na noite de quinta-feira (23), Kátia Abreu também promoveu um jantar em sua casa, com a presença de lideranças e autoridades regionais. Em discurso, Ciro defendeu o agronegócio e pregou a necessidade de proteger a produção do país de “vendilhões e da cobiça”. “Nós temos de proteger, para que o país não vire uma ex-nação”, disse.
Com dificuldades de crescer nas pesquisas eleitorais, Ciro iniciou nesta semana uma imersão pelo Centro-Oeste, região onde o agronegócio é o setor mais forte e no qual ele hoje apresenta o mais baixo índice de intenção de voto.
Ciro já visitou Tocantins, Goiás e Mato Grosso do Sul. Viajará na tarde desta sexta-feira (24) a Mato Grosso. Segundo a última pesquisa Datafolha, enquanto no Nordeste ele apresenta 14% das intenções de voto, o percentual cai para 5% no Centro-Oeste, ficando atrás de Bolsonaro e Marina Silva (REDE).