DEPOIMENTO

Bolsonaro pode ser ouvido em breve no inquérito de interferências na PF

Em ofício enviado a Celso de Mello, Polícia Federal pediu prorrogação por 30 dias do prazo da investigação sobre interferências indevidas do presidente

Bolsonaro pode ser ouvido em breve no inquérito de interferência na PF

A Polícia Federal afirmou ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que um dos próximos passos do inquérito sobre interferências na PF será tomar o depoimento do presidente Jair Bolsonaro. A informação foi repassada ao ministro nesta semana, quando a organização enviou ao STF cópia do inquérito sobre supostas interferências indevidas de Bolsonaro na Polícia Federal.

Neste oficio, a PF pediu uma prorrogação de prazo de 30 dias para concluir as diligências do caso. Cabe ao ministro Celso de Mello autorizar a prorrogação de prazo solicitada pela PF, mas o ministro não precisa autorizar especificamente que os investigadores tomem o depoimento de Bolsonaro. Os detalhes do depoimento serão definidos pela Polícia Federal, após a definição do novo prazo para a investigação.

No documento, a Polícia Federal cita entre as diligências pendentes a tomada de depoimento do presidente, que é alvo da investigação.O ofício não diz se Bolsonaro prestará depoimento por escrito ou pessoalmente. Nos inquéritos que correram contra o então presidente Michel Temer (MDB), ele foi ouvido por escrito pela PF.

Neste caso, porém, o ministro Celso de Mello tem sinalizado que o procedimento pode ser diferente. A legislação prevê que o presidente pode prestar depoimento por escrito no caso de ser testemunha em alguma investigação, mas não existe dispositivo legal sobre a possibilidade de um presidente da República ser ouvido na condição de investigado.

O ministro Celso de Mello enviou o documento nesta sexta-feira para manifestação do procurador-geral da República Augusto Aras sobre as diligências solicitadas pela PF. Normalmente, entretanto, essas diligências são conduzidas pela PF. Nos casos anteriores envolvendo Michel Temer, quem colheu o depoimento do presidente foi a própria PF, sem intervenção da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A oitiva do alvo investigado costuma ser a última diligência de uma investigação. Também estão pendentes ainda a obtenção de informações solicitadas pela PF e o trabalho de perícia no vídeo da reunião ministerial do último dia 22 de abril.