CONSELHO

Bolsonarou procurou Temer para alinhar discurso do ato na Paulista

Jair já procurou ex-presidente, em 2021, por ajuda para escrever uma carta à nação após exagerar no 7 de setembro

Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com o ex-presidente Michel Temer (MDB) para alinhar o discurso que fez na avenida Paulista, em São Paulo, no domingo (25). A informação foi revelada pelo Metrópoles. Segundo a publicação, o encontro aconteceu no final de semana anterior, no apartamento de Temer, também na capital paulista.

A reunião durou cerca de 2 horas. O objetivo seria debater o teor da fala do ex-presidente Bolsonaro na manifestação. Entre as recomendações, o emedebista disse ao político do PL para não falar do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos ministros da Corte. Além disso, sugeriu que ele adotasse uma postura mais amena, o que, de fato, ocorreu.

Temer, inclusive, teria procurado ministros do Supremo para garantir que Bolsonaro não atacaria a Corte durante a manifestação. Segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), o ato reuniu cerca de 185 mil, número inferior ao 1 milhão esperado pela organização.

Já pediu ajuda antes

Em 2021, Bolsonaro também pediu ajuda ao ex-presidente após manifestações do Dia da Independência. Durante o programa Roda Viva, naquele ano, Temer disse que o ex-chefe do Executivo admitiu a ele que exagerou no discurso do 7 de setembro. Desse entendimento surgiu a carta à nação.

Temer informou, na entrevista, ter dito a Bolsonaro que o discurso no feriado com incitações contra o ministro Alexandre de Moraes não combinava com um presidente. “Disse que não cabia dizer o que foi dito a um ministro. Não sei se caberia entre três e quatro pessoas”, completou. Ainda segundo o emedebista, ele viu naquele momento uma chance de distensionar a situação.

Declaração à nação de Bolsonaro

Na carta pública de Bolsonaro, o então presidente disse que nunca teve intenção de agredir qualquer Poder. O posicionamento ocorreu após o desgaste gerado pelos atos em favor do governo federal no último dia 7 de Setembro, quando apoiadores pediram, entre outras coisas, o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

“A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”, informava trecho da declaração. Ele reconheceu, naquele momento, que parte das divergências decorrem de conflitos com o ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news, mas afirmou que seus discursos decorreram do calor do momento.

“Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.”

Por fim, ele escreveu na carta à nação que sempre esteve disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

Atualmente, Bolsonaro é investigado por uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no Poder. Em 8 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra ele e aliados, o que o motivou a convocaro o ato de 25 de fevereiro. Oficialmente, seria um momento para ele se defender.