Caiado e outros 24 governadores reafirmam regras de isolamento
Apenas os chefes do Executivo de Roraima e Rondônia não se manifestaram
Além do governador Ronaldo Caiado (DEM), outros 24 gestores estaduais irão manter as regras de isolamento: AC, AL, AP, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MT, MS, MG, PA, PB, PR, PE, PI, RJ, RN, RS, SC, SP, SE e TO. O posicionamento foi uma reação ao pronunciamento de terça-feira (24) do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que pediu reabertura de escolas e comércios e chamou o coronavírus de “gripezinha”. Os chefes do Executivo de Roraima e Rondônia não se manifestaram.
Além disso, cerca de 19 governadores criticaram a fala do presidente da república. Ronaldo Caiado disse não haver mais diálogo com Bolsonaro. “Fui aliado de primeira hora, durante todo tempo [de Bolsonaro], mas não posso admitir que venha agora um presidente da República lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso econômico ou pela falência de empregos que amanhã venha a acontecer. Não faz parte da postura de um governante. Um estadista tem que ter a coragem de assumir as falhas. Não tem de responsabilizar as outras pessoas. Assuma a sua parcela.”
Vale destacar que o governador de Goiás foi quem indicou o médico Luiz Henrique Mandetta para o Ministério da Saúde. Apesar do pronunciamento de ataque a imprensa e contra o que chamou de “discurso de terra arrasada” de alguns gestores, o presidente presidente elogiou o ministro.
Outros gestores
O G1 fez o levantamento da fala de quase todos os governadores. A maioria fez críticas ao pronunciamento do presidente da república, mas houve, também, discursos mais amenos. João Doria (PSDB), de São Paulo, disse lamentar a fala de Bolsonaro. “O senhor como presidente da República tem que dar o exemplo. Tem que ser mandatário para comandar, para dirigir, liderar o país, e não para dividir.”
“Na manifestação em cadeia de rádio e TV, o presidente da República contraria as determinações da Organização Mundial de Saúde. Nós continuaremos firmes, seguindo as orientações médicas e preservando vidas. Eu peço a vocês: por favor, fique em casa”, afirmou Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro.
Renato Casagrande (PSB), Espírito Santo, pontuou que o “pronunciamento do Pres.Jair Bolsonaro foi desconectado das orientações dos cientistas, da realidade do mundo e das ações do Ministério da saúde. Confunde a sociedade, atrapalha o trabalho nos Estados e Municípios, menospreza os efeitos da Pandemia. Mostra que estamos sem direção”.
Já Helder Barbalho (MDB), Pará, declarou: “”Em relação ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, eu respeito a opinião de todos, mas não me furto a reafirmar nossa linha de ação. Nós buscamos, desde o início, as orientações dos técnicos, dos médicos, das autoridades e também dos países que já passaram pelo pior da crise. O caminho que o Governo do Pará buscou foi o do bom senso, o do equilíbrio.”
Do Piauí, o petista Wellingont Dias argumentou ser difícil não se manifestar frente ao discurso do Presidente da República, que vai contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde. “Nós vamos seguir o que a ciência nos comprova. O Piauí mantém todas as suas medidas de prevenção à Covid-19.”
Fátima Bezerra (PT), Rio Grande do Norte, esclareceu que para além de divergências políticas, é preciso proteger a saúde da população. “pronunciamento dele vai na contramão de todas as medidas defendidas pelos Estados e municípios em sintonia com o Ministério da Saúde e pela própria sociedade.”
O governador do Maranhã, Flávio Dino (PCdoB), exclamou: “Pronunciamento de hoje mostra que há poucas esperanças de que Bolsonaro possa exercer com responsabilidade e eficiência a Presidência da República. Os danos são imprevisíveis e gravíssimos.”
No Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), defendeu bom senso no País, além de serenidade e equilibro, neste momento. Para superar essa tragédia, todos temos que ser parte da solução. “A hora exige alta responsabilidade, dos governos, das empresas , dos cidadãos.”
Do Cidadania, o gestor da Paraíba, João Azevedo chamou o pronunciamento de “desserviço, a destruição de tudo que está duramente sendo construído para proteger a população. Em resumo, um absurdo”. Paulo Câmara (PSB), Pernambuco, disse: “Enquanto líderes de vários países tomam medidas necessárias para conter o avanço no novo Coronavírus, aqui no Brasil, em pronunciamento veiculado em Rede Nacional, o presidente Jair Bolsonaro vai contramão do que defendem autoridades sanitárias e o próprio Ministério da Saúde.”
Já Gladson Camili (PP), Acre, afirmou que o objetivo principal é preservar a vida. “Estão mantidas todas as medidas necessárias adotadas pelo governo estadual no sentido de resguardar o isolamento social e visando promover a quebra da linha de contágio. Lamento que neste momento, onde devemos destinar toda energia e foco em combater o Coronavírus, se procure politizar as opiniões e ações dos agentes públicos.”
No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) observou que é urgente buscar uma alternativa ao confinamento, mas que isso não pode ser feito com ataques à ciência e a cautela médica mundialmente estabelecidas. Renan Filho (MDB), Alagoas, disse que o pronunciamento do presidente vai de encontro às recomendação da Organização Mundical de Saúde. Segundo ele, a vida do alagoano é e sempre será o bem mais precioso.
Waldez Góes (PDT), Amapá, disse que o diálogo do presidente durante a videoconferência foi muito diferente do discurso. Para ele, é necessário cobrar coerência do governo federal. “Não podemos ouvir o ministro da saúde falando para a gente providências e o governo federal desautorizando. Nós aqui no Amapá vamos continuar firmes para atuarmos no combate ao coronavírus.”
Já no Ceará, Camilo Santana (PT) disse que as medidas para conter o avanço da pandemia continuam e que o governo buscará a proteção dos cearenses com todo esforço possível. Em Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), disse que ter ficado estarrecido com o pronunciamento de Bolsonaro. “É importante que nos mantenhamos firmes no isolamento social, pois mostrou resultados positivo aqui em Santa Catarina, já tivemos a curva de casos suspeitos diminuída.”
Em Minas, Romeu Zema (Novo), disse que o Estado segue as recomendações da OMS. Queremos, em primeiro lugar, a preservação da vida, mas compartilho da preocupação do presidente Bolsonaro com a questão econômica”, amenizou.
Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, também teve discurso mais conciliador. “Não é hora de politizar ou polemizar. Bolsonaro tem parte da razão, afinal muitos municípios pequenos, sem qualquer caso de coronavírus, estão fechando. De outra parte, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília tem situações diferenciadas.”
No Tocantins, foi dito por Mauro Carlese (DEM) que o Estado “seguirá firme no propósito de manter a população livre do novo coronavírus e conta com a parceria dos demais poderes, dos municípios, dos órgãos de controle e, principalmente, com a população”. Por sua vez, Rui Costa (PT), na Bahia, fez questão de dizer que não era gripezinha. “Chega de discurso vazio e delírios.”
O governante do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), informou que continuará a restringir o convívio social e “preparar toda a estrutura necessária para atender aos possíveis doentes do coronavírus. Mas, não iremos proibir nenhuma atividade econômica essencial, desde que haja a devida obediência às regras sanitárias”. Por fim, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, informou por sua assessoria que “o governo (…) manterá o planejamento e as medidas de enfrentamento à pandemia do coronavírus”.
(Com informações do G1)