DESDOBRAMENTOS

Câmara: base e oposição avaliam impactos de operação policial na prefeitura de Goiânia

Parlamento goianiense comenta operação que mirou órgãos municipais

A operação da Polícia Civil que investiga órgãos da Prefeitura de Goiânia, deflagrada nesta quarta-feira (20), gerou apreensão entre vereadores da base e da oposição. Apesar de poucos parlamentares usarem o microfone da sessão para comentar o assunto, a operação Endrôminas dominava as conversas nos corredores da Câmara Municipal.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Henrique Alves (MDB), destacou que confia nas investigações das forças policiais, mas teme que elas atrapalhem o envio de pautas importantes pela Prefeitura à Câmara Municipal. Entre as matérias aguardadas estão leis complementares ao Plano Diretor, como o Plano de Mobilidade.

“Espero que as operações investiguem e responsabilizem quem precisa ser. Mas espero que isso não prejudique o andamento da cidade. São projetos importantes, como o Plano de Mobilidade, que tem um impacto grande para a capital. Esperamos que tudo isso não atrapalhe a administração e a gestão. Da nossa parte, vamos fiscalizar e cobrar da Prefeitura o encaminhamento de projetos bons para Goiânia”, pontuou Alves.

Denúncias e ressalvas

A vereadora Aava Santiago (PSDB), em entrevista coletiva, disse que era “inevitável” que a administração chegasse ao ponto em que está vivendo com a investigação da Polícia Civil. Ela comentou que desde 2022 vem fazendo denúncias de irregularidades na Comurg, um dos órgãos alvos da operação.

“Desde 2022 eu venho apontando problemas com licitações superfaturadas, inclusive na coleta de lixo e varrição mecanizada. Consegui uma suspensão junto ao TCM por mais de um ano. Eles fizeram ajustes que não foram suficientes. Já denunciamos na Tribuna mais de 300 milhões de reais em contratos sem licitação. Isso é muito ruim para Goiânia. Era inevitável que chegássemos a esse lugar”, pontuou.

A tucana, que faz oposição ao governo Rogério Cruz, fez uma ressalva: “Agora, não podemos tirar conclusões precipitadas. Os dados disponíveis são públicos. Não foi difícil chegar a indícios de irregularidades. Como parlamentar, posso apenas apontar problemas, mas cabe à polícia investigar”, destacou.

“Se fosse o prefeito, afastaria todos os envolvidos”, reforça vereador

O vereador Thiallu Guiotti (Avante), que presidiu uma CEI que apurou irregularidades na Comurg em 2023 e faz parte da base do prefeito Rogério Cruz, também demonstrou confiança nas investigações e disse que, se fosse o chefe do executivo municipal, afastaria todos os envolvidos.

“Eu não sou o prefeito, mas se fosse, afastaria todos os envolvidos. Mas isso cabe ao prefeito”, destacou.

Guiotti também saiu em defesa da CEI que presidiu. “É importante ressaltar que, como eu sempre disse, mais importante que apontar culpados era fazer com que os órgãos de controle como o MP, PC e o Judiciário tivessem as informações necessárias sobre a realidade da Comurg. Excesso de salários, comissionados, empresas contratadas, caminhões locados ou de frota própria, todas essas informações servirão não só para essa investigação, como para futuras. Haja vista que nenhuma outra CEI trouxe tanta riqueza como nós”, destacou.