PANDEMIA

Câmara de Goiânia fecha para imprensa e público em geral

Por Francisco Costa e Eduardo Pinheiro A Câmara de Goiânia definiu pelo fechamento das galerias…

Por Francisco Costa e Eduardo Pinheiro

A Câmara de Goiânia definiu pelo fechamento das galerias para visitantes e as tribunas destinadas aos assessores parlamentares e à imprensa, por tempo indeterminado, a partir desta quarta-feira (17). A medida foi tomada nesta terça (16) pelo presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota), por causa da alta ocupação de leitos de UTI destinados à Covid-19.

Segundo o presidente, a imprensa e o público poderão acompanhar as sessões pelo canal no Youtube da Câmara. Ainda segundo Romário, a Mesa Diretora tomará “novas medidas sanitárias necessárias ao controle da disseminação do novo coronavírus“. Ainda de acordo com ele, o avanço assustou a todos, na Casa de Leis.

No Estado – segundo dados do governo -, nesta terça, a ocupação de leitos de UTI destinados a pacientes com o novo coronavírus era de 88,96%. Enfermaria, 60,97%. Em relação a capital, o painel informa sobre a ocupação das unidades: Crer (75%); HCAMP (96,91%); HDT (88,89%); HGG (85,19%); HMI (100%); Hugo (98,25%); e Hugol (98,25%). Destaca-se, os números são dinâmicos e foram checados por volta das 14h.

O portal também pediu os dados à secretaria municipal de Goiânia para checar a precisão. A informação da SMS é que a taxa de ocupação de leitos de UTI é, na verdade, de 72%, enquanto de enfermaria, 65%.

Pedido durante a sessão

O vereador Sargento Novandir (Republicanos) disse durante sessão plenária da Câmara Municipal de Goiânia desta terça-feira que iria protocolar um requerimento para retorno das sessões remotas da Casa. O parlamentar mostrou preocupação com o avanço da covid-19 na capital, que inclusive vitimou familiares dos vereadores Lucas Kitão (PSL) e Cabo Senna (Patriota) nos últimos dias.

No último sábado (13), Emival Bueno, pai do vereador Lucas Kitão morreu em decorrência da doença. Na semana passada, o pai e o irmão de Cabo Senna perdeu a mãe e um irmão. Os dois morreram na última quarta-feira (10) em um intervalo de menos de quatro horas. Os vereadores lamentaram as mortes no plenário.

“Sabemos que há aglomeração e há matérias de grande relevância em que entram muitas pessoas no plenário. O vereador Santana Gomes já comentou sobre isso e acha que isso é perigoso. Isso é uma forma de darmos nossa parcela de ajuda tendo em vista que praticamente todos os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão ocupados”, salientou Novandir durante a sessão.

Vereador Cabo Senna (Foto: Reprodução)

Cabo Senna solicitou às pessoas que “não estão preocupadas” para que respeitem as outras pessoas para o uso de máscaras. “Tome tento com a sua vida. Caso queira não preocupar com sua vida, se preocupe com a dos outros”, apontou.

A Câmara Municipal retornou às atividades presenciais na sede do legislativo goianiense ainda em julho do ano passado, após meses de sessões mista.

Tratamento precoce

Ainda na sessão, Anselmo Pereira (MDB) e Gabriela Rodart (DC) anunciaram que devem requerer junto à presidência da Câmara Municipal uma audiência pública para discussão sobre “tratamento precoce” e “profilaxia” contra a covid-19. Ambos se reuniram com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos), na segunda-feira (15), em busca de apoio das medidas.

Anselmo apontou que a discussão do “tratamento precoce” é importante e tenta apoio do prefeito. “Aqueles que acham que o tratamento precoce não funciona que deixem que outros que acreditam usem. Tive covid-19 e nem dor de cabeça tive, pois fiz o tratamento profilático”, disse.

Rodart também usou sua fala para promover o que chama de tratamento profilático. O vice-presidente da Câmara, Clécio Alves (MDB), chamou a atenção para que a colega usasse máscaras.

Sem tratamento precoce

No início de janeiro, durante reunião que aprovou duas vacinas para o Brasil, os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deixaram claro em seus pareceres que a ausência de alternativas terapêuticas foi um dos critérios adotados para a aprovação do uso emergencial dos imunizantes.

Medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e o vermífugo ivermectina  são rejeitados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), por não terem eficácia contra a Covid-19 e ainda poderem trazer complicações. As recomendações das organizações de saúde são o uso de máscaras e distanciamento social para evitar o rápido espalhamento do coronavírus.

Máscara

Vale lembrar, ainda nesta semana, a vereadora Gabriela Rodart protocolou relatório médico, assinado pelo otorrinolaringologista Gustavo Mizziara, do Distrito Federal, que apontava desvio de septo e hipertrofia de conchas para não usar máscara na sessão. O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina de Trabalho (SESMT) negou o pedido, na segunda (15).

De acordo com a análise do SESMT, assinado pelo médico do trabalho da Câmara, Marcellus Sousa Arantes, as doenças podem provocar roncos, congestão nasal e aparecimento de secreção, além de outros sintomas como boca seca, já que o paciente passa a respirar pela boca. No entanto, a análise aponta que os sintomas não impedem “nem mesmo a prática de atividades físicas ou funções laborais com elevado gasto energético”.

“Considerando-se os conhecimentos técnicos médicos atualmente disponíveis, verifica-se que os materiais recomendados para confecção de máscaras (cirúrgicas e não cirúrgicas) não são capazes de vedar a entrada de ar de forma tão significativa que impeça a respiração, nem mesmo durante a realização de atividades físicas”, informa o médico do trabalho do legislativo goianiense.