MINISTÉRIO PÚBLICO

Câmara dos Deputados deve fazer representação contra promotor que arquivou caso de violência de gênero

O Ministério Público Eleitoral (MPE) arquivou o inquérito aberto pela vereadora de Aparecida de Goiânia, Camila Rosa (PSD), por violência política de gênero

Vereadora de Aparecida chora em discussão sobre cotas femininas (Foto: Reprodução)

A líder da bancada feminina na Câmara dos Deputados, Celina Leão (PP-DF), vai representar contra o promotor Milton Marcolino dos Santos na Corregedoria do Ministério Público, que arquivou o inquérito aberto pela vereadora de Aparecida de Goiânia, Camila Rosa (PSD), por violência política de gênero.

“Nós recebemos com perplexidade as manifestações do MP e do promotor, que faz julgamentos inclusive psicológicos, não tendo capacidade técnica para fazer isso. Ele tem que fazer uma análise jurídica e não fazer julgamentos. (…). Será que o presidente da Câmara teria cortado o microfone naquele formato se a vereadora fosse um homem?”, disse a parlamentar ao Metrópoles.

A vereadora Camila Rosa diz que a advogada peticionou juntou à bancada, mas por orientação da equipe jurídica não adianta quais serão os próximos passos a serem tomados.

Arquivamento

O Ministério Público Eleitoral (MPE) arquivou o inquérito aberto pela vereadora de Aparecida de Goiânia, Camila Rosa (PSD), por violência política de gênero, durante sessão ocorrida no dia 1º de fevereiro deste ano. Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal, André Fortaleza (MDB), cortou o microfone durante uma discussão sobre presença feminina na política.

O promotor responsável pelo caso, Milton Marcolino dos Santos, considerou que a vereadora se “excedeu na discussão, com acusações vazias e pessoais” e teria utilizado do direito de falar para “destacar outras pautas completamente ao debate, colocando homens contra mulheres, brancos contra pretos, ricos contra pobres, héteros contra homossexuais”.

“Não é demais destacar que as mazelas ao cenário político brasileiro atual são causadas em grande parte por essa polarização sem sentido e invocada em debates nos quais o orador não possui nenhum outro argumento que não a vitimização e a divisão da sociedade em grupos antagônicos com o objetivo de obter respaldo da opinião pública”, destaca o promotor.

Entenda

Camila Rosa teve o microfone cortado durante sessão realizada no dia 1 de fevereiro pelo presidente da casa, André Fortaleza. Tudo começou quando Fortaleza se sentiu ofendido e rebateu uma postagem que a parlamentar fez nas redes sociais.

No Instagram, Camila escreveu e André leu: “As sessões da câmara municipal de Aparecida voltaram com tudo na manhã desta terça. Usei meu espaço de fala para defender a importância da mulher na política e os direitos de todas as minorias que são rejeitadas e discriminadas na sociedade. Não toleramos mais preconceitos! Vou lutar até o fim pela igualdade e o respeito. O espaço político é de todos.”

André, então, comentou. “Não sou contra classe feminina, sou contra cota, contra oportunismo, ilusionismo. Por mim, não adianta, pode ser mulher, homem, homossexual.”