Caminhoneiros de Goiás decidem não aderir a greve “articulada pelo governo”
Categoria afirma que Bolsonaro quer paralisação para não discutir PPI, mas somente o ICMS que beneficia os Estados
As entidades que representam os caminhoneiros decidiram, em reunião nesta segunda-feira (20), não fazer greve, “pois é exatamente isso que o governo federal”. Quem confirma a informação ao Mais Goiás é o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Goiás (Sinditac-GO), Vantuir Rodrigues. Segundo ele, também participaram outros diretores, além de representantes da Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (CNTA) e federações.
De acordo com Vantuir, o presidente Jair Bolsonaro (PL) articula uma paralisação, pois quer pressionar o corte do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que não é a bandeira das entidades. Segundo ele, não adianta falar em ICMS – cuja redução é principal defesa do presidente Bolsonaro para reduzir o combustível – pois o problema é o preço de paridade de importação (PPI), política adotada pela companhia.
“Essa política de mudar o ICMS não resolve. Pois é o PPI que influencia nos constantes reajustes. Isso aí [do ICMS] é briga do Bolsonaro com os governadores. Ele está queimando todo mundo, mas o PPI, que é o que beneficia os acionistas, ele não toca no assunto”, destaca.
Governo e a greve dos caminhoneiros
Vantuir reforça que o grupo não participará de manifestação manipulada pelo governo. Ele cita, como indicativo de que isso é realidade, o aparecimento do caminhoneiro Zé do Trovão, que publicou vídeo nas redes sociais convocando a categoria para paralisação nacional no próximo dia 27.
Bolsonarista, ele isenta completamente o presidente pela alta dos preços e afirma que somente a Petrobras é culpada. Ele pede, ainda, a redução de 25% no valor do diesel e 15% no da gasolina e do etanol. Vale citar, a empresa anunciou reajuste do preço do diesel em 14,26% e da gasolina em 5,18%. Nesta segunda-feira, o presidente da estatal, José Mauro Coelho, renunciou após pressões do governo federal.
“Então, decidimos por não fazer a paralisação. Vamos rodar pelo País pedindo que mude a política de preços da Petrobras, o PPI”, explica o presidente do Sinditac-GO. Para Vantuir, não só os caminhoneiros são assolados por essa política de preços, mas todos os brasileiros.
PPI e ICMS
O PPI, que mudou a política de preços da empresa de capital misto em 2016 (governo Temer), é um sistema baseado na paridade internacional de preços dos combustíveis, conforme já explicou ao portal o economista Aurélio Troncoso, coordenador do centro de pesquisa de mestrado da UniAlfa.
Segundo Troncoso, os valores estão ligados diretamente ao câmbio (dólar) e ao barril de petróleo. E a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) faz uma média mundial de preço entre os maiores exportadores. Com isso, o Brasil compra o barril do petróleo em dólar.
Já o ICMS, que é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, é um tributo estadual que incide sobre produtos de diferentes tipos. Segundo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) trata-se da maior fonte de renda fiscal do governo.