REPRESENTATIVIDADE

Candidatas apontam dificuldades para participação feminina na política

Para o Senado, apenas duas mulheres colocaram seus nomes na disputa: Denise Carvalho (PCdoB) e Manu Jacob (PSOL)

Maju Jacob e Denise Carvalho (Foto: Montagem - Divulgação)

Embora sejam 53% do eleitorado em Goiás, as mulheres estão subrepresentadas nas eleições de 2022. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até a manhã desta quarta-feira (10), houve registro de 8.696 candidatos e 4.371 candidatas, o que representa 67% de homens e 33% de mulheres.

Para o Senado, apenas duas mulheres colocaram seus nomes na disputa: Denise Carvalho (PCdoB) e Manu Jacob (PSOL), ambas por partidos de esquerda. Na atual legislatura não há nenhuma senadora goiana. O Mais Goiás conversou com ambas sobre a dificuldade da participação feminina na política partidária no Estado.

Denise Carvalho é militante histórica do PCdoB e foi vereadora pelo partido na década de 1980 e deputada estadual entre 1995 e 2003. Ela ressalta que apenas 15% e 10% das cadeiras do Senado e da Câmara dos Deputados são ocupadas por mulheres em uma realidade em que o eleitorado é majoritariamente feminino e em que grande parte das famílias são providas por mulheres.

A candidata aponta que a subrepresentatividade afeta vários aspectos da vida das mulheres e das famílias em geral. “Quando falamos de direitos e garantias das mulheres brasileiras, estamos falando de cuidar da família, de garantir moradia digna para essas mulheres, emprego, capacitação para o mercado de trabalho. É falar de crianças, do combate à fome, porque as famílias brasileiras que estão famintas têm a face feminina”, avalia.

Além disso, Denise diz que esses são os traços mais comuns da cultura misógina no Brasil, que exclui as mulheres dos espaços públicos. “Quando falamos de baixa representatividade, falamos também de um contexto de exclusão das mulheres de vários espaços das políticas públicas a cada dia mais desmontadas. Para isso é preciso nova visão e uma nova cultura, a partir dos meios de comunicação como um espaço também para as mulheres. Há uma cultura sistemática de invisibilidade e de desacreditar a capacidade destas mulheres”, aponta.

Partido

Já Manu Jacob, que também foi candidata a prefeita de Goiânia em 2020, aponta que o PSOL é o partido que mais incentiva e pratica a participação de mulheres na disputa eleitoral e nos cargos de direção da sigla. No entanto, ela avalia que não basta ser mulher. É preciso ter compromisso com a causa feminista, apesar de todo preconceito que ainda existe com a pauta, já que busca condições iguais na sociedade para homens e mulheres.

“O que queremos é condições iguais em relação a direitos trabalhistas, queremos o fim da violência machista e queremos dar atenção em especial as mulheres pobres e negras desse país, que é o setor que mais sofre com a desigualdade social e todo tipo de violência. Ou seja, a nossa luta em defesa das reivindicações das mulheres tem um aspecto também de classe! Somos mulheres trabalhadoras lutando por direitos sociais e democráticos”, diz.