Candidatos a prefeito de Goiânia voltam a trocar acusações no debate da TV Serra Dourada
Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PSB) usaram pouco mais de uma hora para mostrar porque se consideram mais preparados
No segundo debate do segundo turno das eleições de prefeito de Goiânia, os candidatos do PSB e PMDB voltaram a trocar acusações no programa de pouco mais de uma hora promovido na tarde desta terça-feira (18) pela TV Serra Dourada. Os dois falaram de propostas e tentaram destacar os defeitos do adversário para se mostrar mais capacitados aos eleitores.
No primeiro bloco do debate da TV Serra Dourada, na tarde desta terça-feira (18), os candidatos Vanderlan Cardoso (PSB) e Iris Rezende (PMDB) fizeram perguntas um ao outro, com direito a réplica e tréplica. O jornalista Jordevá Rosa mediou o programa.
Vanderlan abre o debate perguntando a Iris sobre a criação das administrações regionais, que ele implantou três em Senador Canedo e o peemedebista teve desde 2008 para implantar e não o fez até largar a prefeitura, em 2010. Iris, como fez no debate da Rádio Interativa, disse que administrar Senador Canedo e Goiânia é diferente e afirmou que terá tempo a partir de janeiro, se eleito, para criar as oito regionais.
“Goiânia experimentou um progresso, um desenvolvimento, que não tinha vivenciado em todas as áreas”, afirmou Iris. Já Vanderlan, na réplica, declarou que fez as três regionais no primeiro ano de mandato em Senador Canedo. O pessebista prometeu reduzir custos da gestão com a regionalização da administração de Goiânia.
“Eu tenho muita preocupação em não cometer precipitações”, defendeu Iris por não ter tido tempo de adotar a medida entre 2008 e 2010. Em sua primeira pergunta a Vanderlan, o peemedebista esgotou o tempo para perguntar sobre a proposta dos pólos industriais. O candidato do PSB disse que Iris adotou uma “política arcaica” que expulsou as empresas daqui.
“O senhor disse que a gestão de Goiânia foi uma maravilha sem as regionais, por que o senhor propõe essa criação agora?”, indagou Vanderlan. Iris, na réplica, disse que quando foi governador de Goiás criou o Fomentar, asfaltou rodovias e fez o Estado expandir.
“Goiânia é uma das cidades do Brasil que mais emprega em todas as áreas. Da forma que quem se dispõe a ser prefeito de Goiânia não pode pensar pequeno. E não queira desmerecer as minhas administrações não”, retrucou Iris.
Recuperar Goiânia
Vanderlan disse que Iris ainda não falou qual é a proposta dele para recuperar o tempo perdido, que ele acusou o PT e o PMDB de ter deixado a capital no atraso. Em seguida, o candidato do PSB faz essa pergunta a Iris. “Candidato, eu não sou homem de enganar. Eu vou ficar até o último dia do meu mandato. E quando eu deixei a prefeitura, era uma das capitais que se encontrava nas melhores condições”, respondeu o peemedebista.
“Tanto é que eu fui reeleito no primeiro turno com 70% e tanto dos votos. Quer aprovação melhor do que essa?”, defendeu Iris. O pessebista não concordou com o peemedebista e disse que Iris abandonou Paulo Garcia (PT). Vanderlan defende que para empregar gente na confecção é preciso de apenas três meses de curso. “O senhor avalizou o prefeito dizendo que melhor pessoa não tinha igual”, criticou Vanderlan.
“Eu recupero essa prefeitura em 60 dias”, declarou Iris. O peemedebista falou sobre a capacidade que mostrou há quase 60 anos na vida pública. “Não subestime a minha competência.”
Toda vez que Iris gesticulava, o microfone de lapela raspava na roupa do candidato e causava um ruído chato na TV. Em sua pergunta, o peemedebista questionou Vanderlan sobre a segurança pública. Vanderlan falou em chamar todos os órgãos e a população para fazer parcerias e melhorar o trabalho na área. “Nós tínhamos o Cidadão 2000, que o senhor acabou com ele”, criticou o pessebista.
“Embora o senhor menospreze Senador Canedo, uma cidade que o senhor acha que não merece respeito, era chamada de Senador Faz Medo, que era cidade dormitório, passou a ser uma das melhores do Brasil.” Na réplica, Iris disse, com muita dificuldade de entender pela TV graças ao chiado do microfone, que trabalhou muito por Senador Canedo antes mesmo de Vanderlan lá chegar quando o peemedebista era governador.
“A gente nota que o senhor falar muito do governo, que o senhor fez muito pelo governo. Mas o senhor deve muito a Goiânia”, afirmou Vanderlan. O pessebista disse que se não houver geração de emprego e renda nada vai melhorar na capital.
Segundo bloco
No segundo bloco, as perguntas foram feitas pela população. A primeira foi feita por Dona Terezinha, que sai de ônibus do Vera Cruz e vai até o Terminal do Dergo, pega o Eixo Anhanguera, e pergunta o que os candidato farão para melhorar o transporte coletivo.
Iris, sorteado para responder, disse que ao assumir a Prefeitura de Goiânia fará como executou em 2005, avaliando e exigindo o cumprimento do contrato das empresas, com colocação de ônibus novos em número suficiente. “E criar tantas linhas quantas necessárias de bairro para bairro e de bairro para Centro de forma que toda a população seja atendida.” O peemedebista também prometeu a conclusão da Avenida Leste Oeste até Senador Canedo.
Vanderlan disse que para colocar mais 20 mil ônibus é preciso dar trafegabilidade à cidade, com adoção dos pólos de desenvolvimento e assumindo a gestão dos terminais. “Com isso vai diminuir em até 30% o fluxo nos ônibus. As pessoas que precisarem ir para o Centro para trabalhar terão mais dignidade.”
A próxima pergunta da população foi sobre saúde e atendimento ruim. Vanderlan defendeu o investimento na prevenção. “O Programa Saúde da Família vai tirar a superlotação dos Cais. É preciso pagar um salário justo para os profissionais.” Ele afirmou que é preciso entregar remédio em casa e garantir os 15% de recursos da prefeitura como contrapartida ao SUS.
“Em poucos os dias assumida a prefeitura, nós vamos abrir todos os Cais e postos de saúde 24 horas por dia”, disse Iris. Na tréplica, Vanderlan disse que não dá para manter postos de saúde abertos 24 horas, que o que tem que ficar aberto o tempo inteiro são Cais e UPAs. O candidato do PSB disse que não se pode é deixar uma dívida na prefeitura de R$ 200 milhões “como Iris deixou em Goiânia”.
Iris afirmou que não é verdade a acusação de Vanderlan e que a eficiência da administração depende do “gerente” que a cidade escolhe.
CMEIs
Sobre as mais de 3 mil vagas que faltam nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), Iris disse que fez na sua última gestão a construção de mais de 50 CMEIs de colocou 14 mil crianças nessas unidades. “A criança passou a ficar o dia inteiro na escola. Criamos 22 escolas de tempo integral.” E disse que pretende criar a quantidade de unidades necessárias para zerar esse déficit.
Vanderlan fala que existe uma demanda de cerca de 7 mil vagas na capital. “O que nós vamos propor é ampliar as parcerias com entidades filantrópicas para atender essa necessidade.” Iris disse que quando assume o poder não tem férias ou tempo para descansar, que nos finais de semana faz mutirões nos bairros.
“Não mostra de onde vai vir as fontes”, criticou Vanderlan a proposta de Iris de construir muitos CMEIs sem citar de onde virão os recursos para isso.
Segurança
Vanderlan disse que vai fazer o que fez em Senador Canedo: buscar parcerias com todos os órgãos de segurança pública para fazer essa área ser efetiva. “Vamos também investir na segurança preventiva”, que o pessebista disse que virá com a criação dos pólos de desenvolvimento, atividades esportivas, dar oportunidade de estudar às crianças.
“Goiânia é uma cidade com mais de 1 milhão e 400 mil habitantes. É uma realidade totalmente diferente.” Na proposta de Iris, além de melhorar a Guarda Civil Metropolitana, o peemedebista defendeu a cobrança do Estado no aumento do efetivo da Polícia Militar e Civil em Goiânia.
O candidato do PSB disse que é preciso reforçar a participação da população junto aos órgãos de segurança. Iris afirmou que a população está refém da criminalidade e clama por uma solução agora.
Terceiro bloco
Nesse bloco, os candidatos voltaram a se enfrentar com perguntas diretas. Vanderlan criticou os ataques contra ele feitos por Iris, que teria escolhido pessoas envolvidas com diversos crimes para falar mal dele. O peemedebista disse que se essas pessoas, de Senador Canedo, mentiram, que Vanderlan as processe. “Em Goiânia eu estou tranquilo porque Goiânia me conhece. Eu sempre propus campanha de alto nível”, afirmou Iris. Completou que atacou o pessebista em resposta às primeiras denúncias feitas por Vanderlan contra ele na campanha.
“O candidato falta com a verdade, ele até assinou documento dizendo que não era candidato”, respondeu Vanderlan. O pessebista disse que Iris o desrespeitou e colocou a culpa em marqueteiros e funcionários contratados da campanha do PMDB. “Desenvolvo minha campanha com projetos exequíveis”, declarou Iris.
E terminou a resposta ao dizer que Vanderlan recebeu apoio do governador que ele tanto criticava. Em seguida, perguntou qual era o projeto do candidato do PSB para a casa própria. “Não adianta pegar as pessoas e colocar lá longe no Orlando de Morais. Só da UFG até o Orlando de Morais são seis quilômetros.” Além disso, o pessebista questionou o fato de esses moradores terem sido levados para áreas periféricas da cidade sem qualquer infraestrutura. O candidato do PSB disse que é preciso garantir dignidade em áreas mais próximas das zonas habitadas da cidade, com direito a ônibus, asfalto, água, esgoto e iluminação.
Iris declarou que Vanderlan não conhece a realidade dos conjuntos habitacionais criados pelo peemedebista. “Se formos pensar por esse projeto do senhor, construir casas em áreas distantes é bom porque a cidade vai crescer”, ironizou o pessebista.
Deve muito a Goiânia
Ao falar de sua história política de eleições em Goiânia, Iris respondeu ao questionamento de Vanderlan se ele deve muito à capital por não ter feito muito pela cidade. “A sua revolta íntima é justamente porque eu enquanto prefeito e vereador fiz as coisas acontecerem. Tenha a humildade para reconhecer”, respondeu Iris.
Iris admitiu que foi um erro deixar a prefeitura em 2010 e entregar a administração a um gestor incompetente. O peemedebista defendeu que o prefeito precisa saber o que a população quer.
Vanderlan disse que Iris despreza quem veio do interior para Goiânia. “Da forma como o senhor fala, o senhor deveria ser candidato na cidade que o senhor veio, Cristianópolis.” Para Iris, Goiânia se tornou um centro de conhecimento na saúde, como referência de cidade realizada. Mas que há problemas que surgiram no “intervalo” em que o peemedebista não estava à frente da prefeitura.
“Não adianta falar ‘eu fiz tantas escolas de tempo integra’ e elas não estarem funcionando como a lei determina”, criticou Vanderlan a fala de Iris sobre um histórico de criação de várias unidades com dois turnos de atividades para os alunos. “Não vou dar números, porque essa questão de dar números e dar prazos tem muita gente que diz e depois faz confusão na cabeça das pessoas.”
Para Iris, Vanderlan não conhece as escolas de tempo integral de Goiânia. “Ela tem uma série de motivos para passar um dia a cuidado de professores.” Ao dizer que é preciso falar a verdade, o pessebista respondeu ao afirmar que havia mesmo chegado a hora de dizer a verdade. “O senhor disse que ia passar todas as crianças para escola em tempo integral. O senhor faltou com a verdade porque o senhor só ficou um ano e seis meses no último mandato”, declarou Vanderlan.
Por causa do problema no microfone, Iris pôde falar novamente sobre transporte coletivo. No encerramento, Vanderlan agradeceu às pessoas que fizeram perguntas aos candidatos. “Quero dizer que eu me sinto preparado.”
Iris finalizou o debate ao falar que o momento mais importante do regime democrático é o voto. “Eu quando me declarei candidato fiz porque me acho preparado para governar Goiânia por mais quatro anos.”