Candidatos a prefeito se enfrentam em primeiro debate de TV sem Iris
Com a ausência do peemdebista, postulantes à Prefeitura de Goiânia aproveitaram a oportunidade para apresentar suas propostas e seu perfil de gestão ao telespectador
O candidato Iris Rezende (PMDB), como previsto, não foi ao debate da TV Goiânia Band, realizado nesta terça-feira (30) no auditório da Fieg, em Goiânia. Com a ausência do líder nas pesquisas de intenções de voto para a Prefeitura da capital, os candidatos aproveitaram a oportunidade para apresentar suas propostas e seu perfil de gestão ao telespectador.
No debate, cada candidato faz uma pergunta ao adversário e todos foram escolhidos por sorteio. A primeira pergunta foi de Vanderlan Cardoso (PSB), que questionou Djalma Araújo (Rede) sobre a CEI das Pastas Vazias. Djalma falou sobre o “esquema montado entre empresários e funcionários públicos” na qual se verificou “tráfico de influência” com compra na Secretaria de Planejamento (Seplanh) o uso do solo. O candidato da Rede afirma que os vereadores da base de Iris Rezende conseguiram isentar o então prefeito do esquema. “A CEI da Pastinha mostrou para a sociedade um esquema que vinha vigorando há muitas gestões, que não veio da gestão de Paulo Garcia (PT).”
Vanderlan, na sua réplica, destacou seu apoio às investigações dos órgãos fiscalizadores quando foi prefeito de Senador Canedo. “Na minha administração, esse tipo de negociata não vai existir.” Djalma também garantiu que sua gestão será rigorosa no combate à corrupção.
Na segunda pergunta, o candidato do PSOL, Flávio Sofiati, questionou Francisco Jr. (PSD) sobre quais áreas ele pretende implantar Organizações Socias (OSs) na capital. “O usuário tem apontado 90% de satisfação”, responde Francisco Jr., que falou também sobre os avanços do modelo no sistema de Teleconsulta. “Não podemos administrar uma cidade olhando para trás. É preciso olhar as boas experiências mundo a fora”, destacou.
Sofiate, na réplica, diz que “a gente não pode enganar a população de Goiânia”, ao citar que os custos da manutenção da saúde aumentaram no Estado com a implantação de OSs. “Nós temos que recuperar a cidade para as pessoas. Hoje Goiânia foi sequestrada por grandes grupos econômicos. Nós não vamos implantar OSs, nós vamos investir em educação de qualidade.”
Já Francisco, em sua tréplica, lembra que “não podemos ter preconceitos com a modernidade, com o desenvolvimento” para combater o nível de analfabetismo, melhorar a leitura das crianças nas escolas. “Quem é contra talvez é porque nunca tenha visitado os hospitais antes e depois.”
Na vez de Adriana Accorsi (PT), ela questiona Sofiati sobre qual é o projeto dele para a saúde, que responde que o modelo ideal seria parar de drenar dinheiro na iniciativa privada e na “grande indústria do remédio” e “pensar na saúde da população”. O candidato do PSOL fala em priorizar a saúde básica nos “Cais que estão no caos”. “A gente só consegue resolver esse problema se a gente começar a priorizar de fato o SUS.”
Transporte
“Qual a sua proposta para o transporte coletivo de massa?”, perguntou Djalma a Vanderlan no início do segundo bloco do debate. O pessebista disse que não há mais espaço para uma “política arcaica e raivosa” e promessas mirabolantes como a de um ex-prefeito que prometeu em 2004 resolver o problema do transporte coletivo em seis meses, em crítica direta ao candidato ausente Iris Rezende. “Vou trazer os melhores técnicos para discutir a relação com o transporte coletivo. Acima de tudo com ação e gestão”,ressaltou o pessebista.
Djalma diz que é preciso realizar uma nova licitação para que o transporte deixe de ser “indecente” e “uma passagem caríssima”. O candidato da Rede afirma que o atual sistema já faliu e que é preciso fazer a população “efetivamente participar”.
Para Vanderlan, é preciso obedecer as normas existentes na licitação, que precisam ser aplicadas. Vanderlan diz que dar trafegabilidade e melhorar o sistema possibilitaria até tirar ônibus das ruas, o que não afetaria a melhoria da qualidade do transporte.
Duelo de delegados
O ponto alto do debate foi o confronto entre Adriana Accorsi e Delegado Waldir. Coincidentemente, tanto no primeiro quanto no segundo bloco, o sorteio deixou os colegas de profissão frente a frente. Apesar disso, não houve confronto de ideias ou ataques, apenas apresentação de propostas.
No primeiro bloco, Waldir perguntou para Adriana sobre a redução da interferência política na educação para saber a posição dela sobre o assunto. “Primeiro dizer que a educação é prioridade máxima”, respondeu Adriana. A petista defende que não seja adotado o uso de OSs na educação municipal, como tem sido proposto pelo Estado. Já Waldir diz que a sua “arma” para a mudança será a educação com a universalização das creches e a ampliação do funcionamento dessas unidades nos 12 meses do ano. A criação do “Mãe Coruja”, para que as mães tenham onde deixar seus filhos, é uma das propostas apresentadas por Waldir.
No segundo bloco, Delegado Waldir (PR) questionou Adriana Accorsi (PT) sobre como ela tentará mudar a insegurança vivida pela população. “Além de só armas, cadeia, eu entendo que precisamos investir na política de prevenção do envolvimento de jovens com o crime e as drogas”, frisou Adriana. A petista afirma que a Guarda Civil Metropolitana pode trabalhar como uma guarda de segurança comunitária próxima à população. “Podemos contribuir muito de uma forma planejada unindo a nossa cidade em torno da prevenção.”
Waldir, na réplica, destina sua fala ao telespectador. “O Estado faliu.” Ele lembra que a maioria das delegacias da periferia não funciona e a Polícia Militar não tem efetivo suficiente para combater o crime de forma necessária. O delegado declara que será duro com o crime, com carros potentes para enfrentar criminosos, equipando a segurança pública municipal.
Já Adriana volta a tocar na prevenção ao citar a retomada do programa Cidadão 2000, com a criação do Cidadão do Amanhã, com o incentivo às práticas esportivas e educacionais para atuar na prevenção da criminalidade em Goiânia. Depois, seria a vez da delegada perguntar a Iris Rezende, mas como ele faltou ao debate, o questionmento foi direcionado ao candidato Delegado Waldir. Dessa vez, Adriana pergunta a Waldir quais são as propostas dele em relação a área social da capital. “Eu penso que Goiânia tem que ser transformada. Ao longo do tempo vários projetos que existiam e que poderiam estar recuperando crianças e adolescentes foram dizimados por alguns prefeitos”, afirma Waldir.
Fazenda Esperança é a proposta apresentada pelo candidato do PR para retirar as pessoas da condição de morador de rua e dar condições de emancipação dessa população, além de ter uma atenção especial aos idosos com farmácia, moradia e outras atividades.
Já Adriana destacou que os projetos de recuperação foram fechados “por pessoas que priorizam o concreto”, e que Goiânia precisa de programas que priorizam as famílias. A delegada lembra que várias famílias são chefiadas por mulheres na capital e que políticas precisam ser pensadas para amparar essas pessoas.
Waldir diz que “precisamos passar Goiânia a limpo”. Ele cita o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e o juiz federal Serio Moro como bom exemplo disso. “Por que os candidatos estão fugindo do debate? Eles estão com medo que o Delegado Waldir faça uma grande mudança em Goiânia?”, questionou o candidato do PR ao criticar a ausência de Iris.