Política

Chefe de gabinete de senador do Centrão é nomeado para presidência do FNDE

Fundo tem orçamento de R$ 54 bilhões; senador Ciro Nogueira (PP-PI) é réu no STF por organização criminosa

O governo federal nomeou o chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a presidência do Fundo Nacional e Desenvolvimento da Educação (FNDE). A nomeação de Marcelo Lopes da Ponte foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União (DOU)

O governo federal nomeou o chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a presidência do Fundo Nacional e Desenvolvimento da Educação (FNDE). A nomeação de Marcelo Lopes da Ponte foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União (DOU), com a assinatura do ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto. O fundo tem orçamento de R$ 54 bilhões.

Ciro Nogueira é presidente do PP, um dos partidos do Centrão que passou a negociar cargos com o presidente Jair Bolsonaro em troca de apoio no Congresso. O senador é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por organização criminosa. Ele também foi denunciado recentemente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas essa denúncia ainda não foi analisada. Os dois processos ocorrem no âmbito da Lava-Jato.

Há duas semanas, o governo já havia nomeado um indicado do PL para a Diretoria de Ações Educacionais do FNDE. O nomeado para a diretoria é o advogado Garigham Amarante Pinto, antes assessor da liderança do PL na Câmara dos Deputados. Ele é nome de confiança de Valdemar Costa Neto, ex-deputado condenado no esquema do mensalão e a ainda em controle da sigla, apesar de não ser formalmente o presidente do partido.

Outras nomeações recentes de indicados por partidos do centrão foram de um indicado do PP para a diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e de um indicado do PSD para a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Bolsonaro admitiu na semana passada que o governo está entregando cargos para indicados do Centrão e disse que as conversas com os partidos passam também por possíveis alianças na eleição de 2022. O presidente afirmou que os parlamentares se sentem “prestigiados” com as indicações e acrescentou que os deputados, muitas vezes, querem dizer que são os “donos” de determinadas obras.

— Temos que ter agenda positiva para o Brasil e temos que conversar com partidos de centro também. Conduzi a conversa ao longo dos dois últimos meses. Conversei com praticamente todos presidentes e líderes de partidos. Sim, alguns querem cargos, não vou negar. Alguns, não são todos. Mas, em nenhum momento, oferecemos ou pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais. Pega o Ministério do Desenvolvimento Regional (o Dnocs está vinculado à pasta), que tem estrutura gigantesca, que em grande parte tem atuação no Nordeste. Tem cargo na ponta da linha, segundo ou terceiro escalão que estava na mão de pessoas que são de governos anteriores ao Temer. Trocamos alguns cargos nesse sentido. Atendemos, sim, a alguns partidos nesse sentido (de cargos) – disse o presidente, durante uma transmissão ao vivo.