Clécio desafia Tatiana a rever cena em que ela diz ter sido vítima de machismo
Vereadoras de Goiânia chegaram à sessão ordinária da Câmara Municipal, nesta quinta-feira (13), vestidas com…
Vereadoras de Goiânia chegaram à sessão ordinária da Câmara Municipal, nesta quinta-feira (13), vestidas com camisetas cujos dizeres eram: “Nossa voz por elas”. Foi um protesto contra o comportamento do vereador Clécio Alves (MDB), a quem acusam de ser machista com Tatiana Lemos (PC do B). As cinco vereadoras aguardavam um pedido de desculpas, mas o que ouviram foi um desafio.
Nesta quinta, o plenário discutia um veto do prefeito Iris Rezende (MDB) a projeto que autoriza a doação não onerosa de bens móveis do acervo patrimonial para fins de uso social. Uma a uma, as vereadoras subiram à tribuna para se manifestar. Primeiro Dra. Cristina (PL) e, na sequência, de forma remota, Tatiana Lemos.
O veto ficou em segundo plano e outra vez veio à tona a discussão entre Clécio e Tatiana, que aconteceu na semana passada. Naquela ocasião, o vereador impediu que Tatiana discutisse o veto ao projeto de autoria dela que tratava dos direitos de pacientes com trombofilia. O emedebista, que presidia a sessão, negou-se a dar a palavra à colega sob o argumento de que o momento para debate do projeto já havia se exaurido.
Clécio, nesta quinta, sugeriu que Tatiana buscasse o vídeo da sessão em que houve a divergência para que ela constatasse que não houve machismo. Clique aqui para assisti-lo.
“Vamos passar a imagem da votação, e ao final se a senhora vai entender se faltei com respeito, a não ser o excesso que eu e a senhora tivemos, nós dois. A senhora alterou a voz, me xingou, me falou coisas que eu não merecia. Eu estou fazendo a proposta para tirar todas as dúvidas. Eu quero mostrar toda a votação, e mostrar como a senhora me tratou também. Nós dois nos excedemos, não precisava daquilo. Nós vamos na terça-feira acabar com isso aqui”, afirmou.
Em seguida, Tatiana disse que fará no sábado uma cirurgia, mas que pedirá ao médico para liberá-la para, na terça feira, estar em plenário para rever a votação. Ela reiterou que não houve tempo para discussão e que é característico do agressor jogar a responsabilidade para a mulher.
“Eu precisava discutir. Entrei no momento correto, entrei no momento de discussão. Não dá para encerrar a discussão em três segundos. Foi um escândalo. A agressão continua e o senhor insiste. É característico do agressor jogar a culpa da agressividade na mulher. Vai ser excelente para rever o que aconteceu”, relatou a vereadora.
Depois da fala de Tatiana, as demais vereadoras usaram a tribuna para defender o papel da mulher na política e principalmente na sociedade. Priscila Tejota (PSD) relatou situações em que colegas sofreram agressões verbais e que foram vítimas de assédio. Ela lembrou figuras políticas do passado, como as ex-deputadas Rachel Azeredo, Betinha Tejota e Isaura Lemos, mãe de Tatiana.
Priscila disse que não estava em plenário, mas que depois viu a gravação na íntegra. Ela afirma que, ao final, “estava tremendo, gelada, e com o coração disparado”.
Na sequência, Sabrina Garcez (PSD) disse que procedimentos regimentais não podem servir de argumento ou justificativa para qualquer tipo de agressão. “Que vossa excelência reveja que nenhum procedimento é justificativa para agressão. Hoje ser político e estar na política é desgaste. Lutamos pelo direito da tribuna, de falar, e isso não pode ser tirado por uma agressão”.
Por fim, Leia Klébia (PSC) lembrou das dificuldades que mulheres enfrentam para chegar a política e se eleger. “Infelizmente nós mulheres temos muitas dificuldades de se chegar ao parlamento e grandes são os desafios, embora estejamos tratando sempre na defesa da sociedade”.
Klébia disse que Clécio deveria se desculpar com “clareza e humildade” e que o “reconhecimento do erro traz grandeza”.
Após a manifestação das vereadoras, alguns vereadores expuseram apoio; outros simplesmente deram continuidade às discussões do dia; até que Oseias Varão (PP) usou a palavra para criticar duramente a postura da bancada feminina da Câmara Municipal. Ele chamou a questão de “palhaçada”.
“Eu vejo uma tentativa de transformar um debate entre dois parlamentares em uma questão de gênero e todos sabemos que isso é mentira. Isso é tentar aparelhar indevidamente e maleficamente a pauta feminina, vamos parar com essa palhaçada. Não se suporta mais esse tipo de cinismo, parem com isso! Não tem qualquer questão de gênero envolvida”, afirmou.
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