Codego rebate críticas de deputado em cessão de área para filho de Cachoeira
A Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado de Goiás (Codego) iniciou a revisão dos atos…
A Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado de Goiás (Codego) iniciou a revisão dos atos administrativos após o rompimento de cessão de terreno a empresa do filho do empresário Carlinhos Cachoeira para construção de shopping em Anápolis. O distrato havia ocorrido no último dia 2. Como contrapartida, a empresa ETS construiu nova unidade da Delegacia Regional da Polícia Civil. A companhia criticou o autor da denúncia, deputado Humberto Teófilo, sobre o assunto.
De acordo com a Codego, a decisão tem como base o princípio da supremacia do interesse público, o exaurimento da finalidade, o princípio da eficiência e a possibilidade de revisão dos atos administrativos, pautados sempre nas boas práticas de governança e respaldados pela legislação vigente.
A companhia informou que a ETS Importação e Exportação Eireli foi notificada acerca da decisão da Codego e as tratativas serão conduzidas de acordo com a legislação vigente pelos departamentos Jurídico, de Assentamento e de Auditoria e Controle Interno. Pelo acordo feito na gestão anterior, a empresa do filho de Cachoeira teve a cessão das duas áreas por R$ 53.424,62.
Foi alegado o desconhecimento da presença de Matheus Henrique Aprígio Ramos, filho de Carlinhos Cachoeira no quadro societário da ETS. A Codego e refuta qualquer suspeita de favorecimento a quem quer que seja, conforme apresentado pelo deputado estadual Delegado Humberto Teófilo.
Até o momento, não foi comprovada nenhuma irregularidade. O Ministério Público de Goiás investigará o caso para saber se de fato houve ou não alguma prática ilícita. A Codego informou que revisará processos para apurar se ocorreu ou não ato ilegal.
Delegacia regional
A permuta das áreas foi firmada em 2017, na gestão de Júlio Vaz à frente da companhia. A atual gestão alegou que a única documentação assinada pela atual é referente ao Termo de Cessão de Uso da área anteriormente ocupada pela 3ª Delegacia Regional de Polícia (3ª DRP).
Pelo acordo, a estatal cederia o espaço, localizado às margens da Rodovia BR-060/153, de modo a viabilizar a construção de um centro comercial. Como contrapartida, a ETS construiu uma nova sede da delegacia regional, finalizada em 2018, mas não iniciou funcionamento.
O delegado regional Pedro Caires, articulou a realização de uma audiência na sede da Codego, em Goiânia, onde também esteve presente o representante da ETS, Israel Freitas, que informou que a mesma seria integrante da Marítima Engenharia, de Minas Gerais. A empresa se comprometeu a realizar os reparos necessários e o prédio foi inaugurado no dia 8 de fevereiro de 2020, em ato que contou com a presença do governador Ronaldo Caiado e de outras autoridades e lideranças políticas.
Críticas
A Codego criticou o deputado Humberto Teófilo e o acusou de busca por mídia gratuita e repercussão imediata. Foi argumentado que o parlamentar acabou por levantar suspeitas a colegas. A companhia argumentou que a abertura da nova sede regional foi por esforço de um delegado.
“É deplorável que um parlamentar use o sagrado espaço de discussão da tribuna da Assembleia Legislativa, que já contou com a presença de oradores de grandeza e caráter inquestionáveis, para expor suas mágoas e rancores. Lamentamos ainda que Teófilo, cuja atuação é pífia, fabrique fatos artificialmente para criar narrativas contra a própria classe”, diz trecho de nota da companhia enviada ao Mais Goiás.
A reportagem procurou o deputado Humberto Teófilo sobre o assunto. O parlamentar reforçou que a denúncia é verdadeira, pois Cachoeira tem vários processos na justiça, e o filho teria sido destacado como intermediário, já que os bens dele estão bloqueados.
“Durante o processo administrativo ocorreram irregularidades, por exemplo, um parecer da auditoria da Codego que para realizar a venda precisava de licitação. O endereço que consta é da casa de Cachoeira, sendo que ele está com os bens bloqueados”, disse.
Segundo o deputado, como houve a conclusão da construção da nova sede da Delegacia Regional de Anápolis, e já houve uma rescisão, o Estado vai ter que indenizar a empresa pelo imóvel. Ele argumentou que não se colocou contra os colegas, e que a categoria está preocupada com o aparelhamento das unidades, e que repudia falcatrua. O deputado alegou que a Codego ao criticá-lo busca desviar os fatos.
“A única obra do governador Ronaldo Caiado em Anápolis foi construída pelo grupo de Carlinhos Cachoeira. Ronaldo Caiado tem que agradecer Carlinhos Cachoeira a obra. Quem paga mal, paga duas vezes. O Estado tem a obrigação de estruturar todas as delegacias e colocar um delegado em cada unidade policial e não fez isso até hoje. É triste ver um governo que sempre defendeu a transparência e o combate a transparência envolvido nestes fatos. Eu não fabriquei nada, agora se a verdade dói, aí não é problema meu”, afirmou o deputado.