CORONAVÍRUS

Com 1.452 mortes, Bolsonaro diz que ‘não adianta ficar em casa chorando’

O presidente ainda anunciou que deve conversar com o primeiro-ministro de Israel sobre a possibilidade de importar um medicamento experimental contra o câncer que pode ajudar na recuperação de pacientes de covid-19

Contra lockdown, Bolsonaro cita Goiás e diz que problema de UTIs vem desde 2015 (Foto: Reprodução / Fotos Públicas)

No dia em que o Brasil divulgou o maior número de mortes pela covid-19, registradas em 24 horas, em 2021 (1.452 óbitos), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar as políticas de isolamento social e defendeu a volta ao trabalho.

“A vida continua, temos que enfrentar as adversidades. Não adianta ficar em casa chorando, não vai chegar a lugar nenhum. Vamos respeitar o vírus, voltar a trabalhar, porque sem a economia não tem Brasil”, disse o presidente durante sua live semanal.

Com os novos óbitos computados entre quarta (10) e quinta-feira (11), o país chegou a 236.397 mortes causadas pelo coronavírus desde o início da pandemia, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa. Até então, o maior número de óbitos diários em 2021 havia sido registrado em 28 de janeiro (1.439).

A média móvel de óbitos dos últimos sete dias — 1.073 — também é a maior registrada neste ano. Este é o segundo maior período em que o Brasil apresenta média de mortes acima de mil em toda a pandemia. Ao todo, já são 22 dias. A sequência mais longa ocorreu entre 3 de julho e 2 de agosto (31 dias).

Importação de medicamento experimental

Durante a live, Bolsonaro ainda anunciou que deve conversar amanhã com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre a possibilidade de importar um medicamento experimental contra o câncer que pode ajudar na recuperação de pacientes de covid-19 hospitalizados.

“Em Israel é um spray [que estão testando], estamos em contato, já está acertado o encontro virtual [com Netanyahu] para falarmos sobre esse novo spray que está servindo, pelo menos experimentalmente, para pessoas em estado grave. Está em estado grave? Toma, poxa, vai esperar ser intubado?”, questionou o presidente.

“Lá [em Israel] está sendo desenvolvido, em fase final, um remédio para curar [sic] a covid-19. Quando falei remédio lá atrás, levei pancada, entraram na pilha da vacina. O cara que entra na pilha só da vacina é um idiota útil, porque devemos ter varias opções. Para quem está contaminado, não adianta vacina”, disse Jair Bolsonaro, ao explicar interesse em medicamento experimental

Ele também fez uma falsa equivalência ao comparar a ausência de evidências mais robustas sobre a eficácia do medicamento com o fato de as vacinas contra a covid-19 não terem registro definitivo na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ao contrário do spray testado em Israel, os imunizantes hoje utilizados no Brasil e no mundo têm eficácia, qualidade e segurança atestados por estudos clínicos.