Com filho doente no colo, mãe sofre para conseguir atendimento pelo Imas em Goiânia

Uma mãe passou por uma verdadeira peregrinação para tentar atendimento médico para o filho de três anos utilizando os serviços do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas). Angélica Machado é viúva de um Guarda Civil Metropolitana que deixou o plano de servidores da prefeitura para sua utilização. 

“Vai fazer três anos que meu marido faleceu e ele me deixou como plano de saúde o Imas, mas a situação está muito precária”, relatou ao Mais Goiás. “Não temos hospitais de urgências pediátricos”, conta antes de desabafar sobre a sina que enfrentou na última segunda-feira (25).

O filho estava apresentando sintomas de febre e diarreia severa. Decidiu então levá-lo ao Instituto Goiano de Pediatria (Igope). “Além de ser longe, lá não fazia exames, apenas passava a medicação”, salientou. No outro dia, o pequeno ainda sentia dores e ela precisou levá-lo a outro local. Ao ligar para o Imas, lhe disseram que não havia rede credenciada que pudesse atendê-la.

Angélica decidiu então, levá-lo ao Hospital Municipal de Campinas e lá recebeu a informação que não estavam atendendo pacientes credenciados ao Imas. Ela insistiu dizendo que pagaria as consultas e exames por meio da rede privada, se fosse necessário.

“Pedi pra falar com responsável, e uma outra recepcionista ligou e conseguiu para que eu tenha o atendimento. No laboratório a moça me informou que essa foi a informação mesmo do diretor, era pra não atender particular quem teria o Imas”, relatou ao Mais Goiás.

O Hospital Infantil de Campinas é um dos que estão sem receber do Imas há quase oito meses. No total, a dívida acumulada da Prefeitura com o local é de R$ 878.455,43. Com o contexto negativo, o hospital decidiu suspender o atendimento ao IMAS. 

Angélica questiona a forma como foi tratada. O Mais Goiás tentou contato com a assessoria de imprensa do Hospital Infantil de Campinas para saber quais os procedimentos que deveriam ser adotados e ouvir a versão do local sobre o caso. Pelas redes sociais, Angélica fez uma reclamação sobre a situação que passou em uma publicação.

Em retorno, o Hospital a respondeu. “Entendemos sua frustração e lamentamos muito pelo inconveniente que você enfrentou. É fundamental que todos tenham acesso ao atendimento médico de qualidade, e como é de conhecimento de todos estamos com os serviços médicos suspensos para o plano de saúde IMAS por tempo indeterminado. Recomendamos entrar em contato diretamente com o plano para buscar esclarecimentos e soluções alternativas”, destacou.

Procurado, o Imas retornou com a seguinte nota. Leia na íntegra:

– O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (IMAS) informa que o processo de restruturação da autarquia está obedecendo recomendações do Ministério Público e Tribunal de Contas dos Municípios.

– O relatório da auditoria da Universidade Federal de Goiás apontou a existência de grande disparidade entre arrecadação e despesas com rede credenciada pelo instituto. Iniciando o plano de recuperação com base nos resultados do estudo financeiro e operacional realizado.

– Desde então, ações foram colocadas em prática a curto prazo para melhorar a qualidade dos atendimentos. Foram publicados os editais para o credenciamento de novos médicos, clínicas e hospitais sob um regimento de contrato mais justo para não prejudicar os usuários do Imas.  

– Outro edital publicado estabelece as novas regras para os pagamentos que passam a obedecer ordem cronológica, sem a possibilidade de escolha de quem será beneficiado com os pagamentos ou de estabelecer privilégios em detrimento deste ou daquele credor (credenciados) ou qualquer outro fornecedor de serviços e bens, sob pena de configurar crime previsto no Código Penal e multa.

– O Imas esclarece que a atual gestão do Instituto vem trabalhando desde outubro do ano passado com transparência e seriedade para encontrar soluções viáveis, cumprindo com todos os compromissos firmados pelo instituto.