Controverso

Com perfil polêmico, Ailton Benedito toma posse como procurador-chefe da PR-GO

Na última segunda-feira (2), o procurador da República Ailton Benedito de Souza foi empossado pela procuradora-geral…

Na última segunda-feira (2), o procurador da República Ailton Benedito de Souza foi empossado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no cargo de procurador-chefe da Procuradoria da República em Goiás (PR-GO). Ele, que foi eleito no último dia 12 de setembro por procuradores da República lotados em Goiás, substitui o procurador da República Marcello Santiago Wolff, permanece no cargo durante o biênio 2017/2019.

Contumaz nas redes sociais, Ailton é habituado a polêmicas. Para críticos, ele se utiliza do cargo para promover ações enviesadas por seu posicionamento político e ideológico, notadamente da direita conservadora.

Em 2014, o agora procurador-chefe da Procuradoria da República ganhou visibilidade nacional ao intimar o Itamaraty a levantar a identidade de supostos jovens sequestrados e investigar uma possível rede de tráfico humano na Venezuela. O motivo foi a divulgação de que o governo do país vizinho teria convocado 26 jovens do Brasil para compor a Brigada Populares de Comunicação. Acontece que o Brasil em questão era apenas um bairro popular do município de Cumaná, na Venezuela, e nada tinha a ver com o nosso País.

Também naquele ano, Ailton pediu a suspensão da campanha publicitária da Copa do Mundo. Ele justificou que a expressão “todos ganham”, utilizada em publicidades, atingia “o inconsciente coletivo, de forma subliminar”. Além disso, para ele, o mote da campanha “não condiz com a realidade”.

Mais recentemente, ganhou os holofotes mais uma vez ao tuitar, em agosto deste ano, que o nazismo seria um regime de esquerda, baseando-se em uma questão nominal. O argumento utilizado por ele era o fato de haver a palavra “socialista” em “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”. Naquele mesmo dia, em resposta a quem rebateu sua postagem, escreveu que “a praga SOCIALISTA alastra-se pelo Brasil”. “Mais algumas gerações, e o homo sapiens tupiniquim saboreará cadáveres no desjejum”, completou.

Debate

Um de seus tópicos favoritos é o combate à ideologia de gênero. Ele chegou a mandar investigar banheiros supostamente unissex da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG) em junho do ano passado.

Com relação à mesma instituição, também determinou a proibição de atos políticos contra ou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, quando seu processo ainda corria no Congresso.

Defensor do Projeto Escola Sem Partido, Ailton instaurou Procedimento Preparatório na UFG em 2016 para apurar se a instituição estaria sendo utilizada para promoção de manifestações político-partidárias. Promoveu inclusive uma audiência pública para tratar do assunto, mas convocou apenas duas organizações da sociedade civil: o Movimento Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre, ambos de direita.

Pelo Twitter, faz críticas constantes ao que chama de “esquerdopatas”, publica contra aqueles a quem chama de “bandidólatras” e defende que sindicatos promovem atrasos no País. Em uma entrevista concedida à revista Piauí disse que expressa seus posicionamentos como cidadão, não como procurador. Ainda assim, faz questão de exibir o cargo que ocupa em sua descrição na rede social.

Opiniões

“Meu cargo é do Ministério Público Federal e nunca o usei para me promover. O que posto nas redes sociais decorre do exercício do direito de expressão, que todo o cidadão brasileiro tem. Nunca difamei ninguém. Dizem que sou polêmico, mas acredito que os outros é que são. Apenas tenho posições contundentes em relação a assuntos que a sociedade está debatendo”, afirmou o procurador-chefe em entrevista ao Mais Goiás.

Em relação ao cargo que acaba de assumir, Ailton Benedito afirma que o principal desafio é dar continuidade ao trabalho realizado pela gestão anterior, mesmo com as limitações financeiras. “Vamos utilizar os meios que temos disponíveis de forma eficiente. Recebemos a casa já em perfeita ordem”, avalia o procurador.