“Com um coronel e um burocrata na disputa, nós vamos votar nulo”, declara Sofiati
Segundo o ex-candidato a prefeito pelo PSOL, as opções no segundo turno apontam para projetos antidemocráticos
A posição adotada pelo PSOL em Goiânia para o segundo turno é a de não apoiar qualquer um dos candidatos a prefeito e votar nulo. “Você não tem uma opção clara de candidatura que busque mudanças verdadeiras. São projetos antidemocráticos”, declarou o ex-candidato a prefeito e professor universitário Flávio Sofiati (PSOL).
Ele, que já tinha adiantado no domingo (2) a vontade do partido de manter a independência caso o PSOL não tivesse chance de estar no segundo turno na capital, criticou o que chama de uma disputa entre um coronel, no caso do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), e de um burocrata, o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PSB).
As críticas de Sofiati se estendem à postura e as alianças escolhidas pelo PT para disputar a Prefeitura de Goiânia. “A candidatura da Adriana (Accorsi) fez alianças com o PTdoB, por exemplo, e setores da direita. Isso mostra uma falta de coerência no posicionamento de um partido que sofreu um processo ilegítimo de impeachment há pouco tempo e se alia a setores que defenderam esse golpe.”
Para o ex-candidato pelo PSOL, o fato de PT ter escondido a imagem do prefeito Paulo Garcia (PT) até o final da campanha também foi um erro. “Eu esperava que a Adriana e a Rede Sustentabilidade tivessem posições mais contundentes com relação a questionamentos ao governo (Michel Temer), mas eles não se posicionaram de fato como de esquerda”, criticou.
Sofiati explicou que a proposta da frente de esquerda Se A Cidade Fosse Nossa não se identifica com nenhum dos projetos de poder que disputam o segundo turno. “As duas candidaturas querem transformar Goiânia na capital do agronegócio, pensam em atividades altamente poluentes, apenas visando o atendimento aos anseios do capital, o que torna a cidade mais desigual.”
De acordo com o ex-candidato, a Goiânia que a esquerda progressista que ele representava na posição de prefeitável se identifica com o que ele chama de mudanças reais. “Eles (Vanderlan e Iris) não têm compromisso com as bandeiras defendidas pelo Se A Cidade Fosse Nossa, o que, por questão também de coerência, não nos atrai”, afirmou.
Sofiati recebeu 5.658 votos, 0,83% da votação válida para prefeito em Goiânia, acima do vereador Djalma Araújo (Rede), que teve 2.402 votos. De acordo com o representante do PSOL nas eleições, isso mostra que uma parcela da população, mesmo em um momento de dificuldade para a esquerda, se identificou com as propostas apresentadas.