Petrobras

Comitê da Petrobras dá aval para nomeação de indicado de Bolsonaro

Sua posse agora depende de aval do conselho de administração da companhia, que deve se reunir de forma extraordinária para debater o tema na próxima segunda-feira (27)

Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil

Apesar dos questionamentos sobre compatibilidade com a Lei das Estatais, a nomeação de Caio Paes de Andrade à presidência da Petrobras foi aprovada pelo comitê responsável por analisar os currículos de indicados a cargo de chefia na empresa.

Sua posse agora depende de aval do conselho de administração da companhia, que deve se reunir de forma extraordinária para debater o tema na próxima segunda-feira (27). Após a reunião desta sexta (24), os petroleiros afirmaram que vão à Justiça tentar impedir a nomeação.

Em comunicado, a Petrobras diz que a decisão foi por maioria, mas não dá detalhes sobre a votação. A Folha apurou que o presidente do comitê, Francisco Petros, foi o único dos quatro membros a votar contra a indicação.

Petros representa acionistas minoritários no conselho de administração da companhia. Além dele, o chamado de Comitê de Elegibilidade é formado pelo conselheiro Luiz Henrique Caroli, indicado pelo governo ao cargo, e pelos membros externos Ana Silvia Matte e Tales Bronzato.

Para essa reunião, o grupo contou ainda com a participação de Marcelo Mesquita, que também representa minoritários no conselho de administração da Petrobras. Ele teria o voto de desempate, que não foi necessário.

Logo após a reunião, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) e a Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras) disseram que vão à Justiça caso a nomeação seja confirmada pelo conselho de administração na próxima semana.

Eles alegam que a indicação de Paes de Andrade não cumpre os requisitos exigidos pela Lei das Estatais para candidatos a cargos na alta administração dessas empresas, como formação acadêmica compatível e experiência mínima de dez anos no setor de energia ou em empresa do porte da Petrobras.

Ele é formado em comunicação social e fez carreira em uma empresa de investimentos em startups de tecnologia até assumir cargo no governo Bolsonaro. Ocupava uma secretaria no Ministério da Economia quando foi indicado para chefiar a Petrobras.

“A FUP e sindicatos filiados entrarão com ação popular na Justiça Federal por ato lesivo à administração pública pela indicação de pessoa sem experiência para o cargo”, diz a nota divulgada pela federação, que já havia enviado carta ao conselho, em parceria com a Anapetro, pedindo rejeição ao nome.

Se confirmado pelo conselho, Paes de Andrade será o quarto presidente da Petrobras no governo Jair Bolsonaro (PL). Ele substitui José Mauro Coelho, demitido pelo presidente da República pouco mais de um mês após tomar posse, em meio a pressões contra reajustes nos preços dos combustíveis.

Antes de Coelho, Bolsonaro já havia demitido o general Joaquim Silva e Luna e Roberto Castello Branco, o primeiro executivo a comandar a estatal em seu governo. Em todos os casos, as demissões foram motivadas pela escalada nos preços.

Os petroleiros veem na nomeação de Paes de Andrade um movimento no sentido da privatização da Petrobras, que tem apoio nos ministérios de Minas e Energia e da Economia, e prometem greve nacional caso o processo avance.

Com a popularidade atingida pela escalada inflacionária, Bolsonaro vem atacando a política de preços dos combustíveis e disse na quinta que o novo conselho de administração pode promover mudanças. Para renovar o colegiado, ele indicou uma lista formada majoritariamente por ocupantes de cargos públicos.

As indicações incluem o número dois da Casa Civil, Jonathas Assunção, o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano de Alencar, e Ieda Aparecida Moura Gagni, presidente do conselho do Banco do Brasil e com passagem por diversos órgãos públicos, incluindo a Fazenda Nacional.

Os nomes ainda estão sendo analisados pelo comitê interno, mas algumas indicações, como a de Assunção, também são questionadas por descumprimento da Lei das Estatais. Ainda não há data para a assembleia que renovará o conselho.