Perseguição

Comunicação da Presidência da República acusa Rede Globo de participar de suposto esquema de propina

Texto é uma “resposta à carta do diretor-geral de jornalismo da Rede, Ali Kamel, na qual o executivo celebra erros grosseiros da reportagem que tenta envolver Bolsonaro com a execução da vereadora Marielle"

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A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) emitiu uma nota de repúdio à TV Globo que, segundo a entidade, persegue o presidente Jair Bolsonaro (PSL). O documento ainda acusa a Globo de estar envolvida na em supostos pagamentos de propina a dirigentes da Fifa para compra de direitos de transmissão da Copa do Mundo. A divulgação foi feita via Instagram.

O texto é uma “resposta à carta do diretor-geral de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, na qual o executivo celebra erros grosseiros da reportagem que tenta envolver o presidente Bolsonaro com a execução da vereadora Marielle Franco.”

“Se a TV Globo fizesse bom jornalismo, como defende, investigaria e publicaria, por exemplo, sua própria participação em supostos pagamentos de propina a dirigentes da Fifa para compra de direitos de transmissão da Copa do Mundo”, acusa.

Segundo a Secom, “é lamentável” a Globo tentar envolver o presidente no caso que envolve a morte da vereadora do Rio de Janeiro. Além disso, repudia que emissora “considere motivo de comemoração a veiculação de matéria que, sob o verniz de jornalismo imparcial, somente leva desinformação aos brasileiros”.

Ainda conforme o comunicado, se a Globo tivesse “realmente pautado seu trabalho pela imparcialidade, rigor na apuração e profundidade de investigação, não teria levado ao ar matéria tão frágil do ponto de vista jornalístico”. A nota considera que a reportagem prosseguiu, apesar do depoimento que relacionava o presidente da República ter sido uma fraude. “E se apresenta como outro crime que merece apuração. Jornalismo não pode ser feito com suposições.”

Para a presidência, por meio da Secom, o foco da rede foi o de promover discórdia e enfraquecer o governo. O texto ainda acusa a TV de silenciar fatos positivos que surgem no decorrer do mandato.

Confira a nota na íntegra:

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Em resposta à carta do diretor-geral de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, na qual o executivo celebra erros grosseiros da reportagem que tenta envolver o presidente Bolsonaro com a execução da vereadora Marielle Franco, a Secom publica a seguinte nota oficial:

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) repudia a perseguição da TV Globo ao presidente Jair Bolsonaro, na tentativa de envolvê-lo no caso Marielle.

É lamentável que a TV Globo considere motivo de comemoração a veiculação de matéria que, sob o verniz de jornalismo imparcial, somente leva desinformação aos brasileiros.

Caso a emissora tivesse realmente pautado seu trabalho pela imparcialidade, rigor na apuração e profundidade de investigação, não teria levado ao ar matéria tão frágil do ponto de vista jornalístico. A reportagem seguiu adiante mesmo sabendo que o depoimento que relacionava o presidente da República não passou de fraude e se apresenta como outro crime que merece apuração. Jornalismo não pode ser feito com suposições.

É evidente o foco da emissora em promover discórdias e enfraquecer o governo, enquanto outros fatos notórios positivos do país são silenciados, pois não interessam aos cofres da empresa. Se a TV Globo fizesse bom jornalismo, como defende, investigaria e publicaria, por exemplo, sua própria participação em supostos pagamentos de propina a dirigentes da Fifa para compra de direitos de transmissão da Copa do Mundo.

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Leia também a carta de Ali Kamel:

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Há momentos em nossa vida de jornalistas em que devemos parar para celebrar nossos êxitos.

Eu me refiro à semana passada, quando um cuidadoso trabalho da editoria Rio levou ao ar no Jornal Nacional uma reportagem sobre o Caso Marielle que gerou grande repercussão. A origem da reportagem remonta ao dia 1° de outubro, quando a editoria teve acesso a uma página do livro de ocorrências do condomínio em que mora Ronnie Lessa, o acusado de matar Marielle. Ali, estava anotado que, para entrar no condomínio, o comparsa dele, Elcio Queiroz, dissera estar indo para a casa 58, residência do então deputado Jair Bolsonaro, hoje presidente da República. Isso era tudo, o ponto de partida.

Um meticuloso trabalho de investigação teve início: aquela página do livro existiu, constava de algum inquérito? No curso da investigação, a editoria confirmou que o documento existia e mais: comprovou que o porteiro que fez a anotação prestara dois depoimentos em que afirmou que ligara duas vezes para a casa 58, tendo sido atendido, nas palavras dele, pelo “seu Jair”. A investigação não parou. Onde estava o então deputado Jair Bolsonaro naquele dia? A editoria pesquisou os registros da Câmara e confirmou que o então deputado estava em Brasilia e participara de duas votações, em horários que tornavam impossível a sua presença no Rio. Pesquisou mais, e descobriu vídeos que o então deputado gravara na Câmara naquele dia e publicara em suas redes sociais. A realidade não batia com o depoimento do porteiro.

Em meio a essa apuração da Rio (que era feita de maneira sigilosa, com o conhecimento apenas de Bonner, Vinicius, as lideranças da Rio e os autores envolvidos, tudo para que a informação não vazasse para outros órgãos de imprensa), uma fonte absolutamente próxima da família do presidente Jair Bolsonaro (e que em respeito ao sigilo da fonte tem seu nome preservado), procurou nossa emissora em Brasilia para dizer que ia estourar uma grande bomba, pois a investigação do Caso Marielle esbarrara num personagem com foro privilegiado e que, por esse motivo, o caso tinha sido levado ao STF para que se decidisse se a investigação poderia ou não prosseguir. A editoria em Brasilia, àquela altura, não sabia das apurações da editoria Rio. Eu estranhei: por que uma fonte tão próxima ao presidente nos contava algo que era prejudicial ao presidente? Dias depois, a mesma fonte perguntava: a matéria não vai sair?

Isso nos fez redobrar os cuidados. Mandei voltar a apuração quase à estaca zero e checar tudo novamente, ao mesmo tempo em que a Editoria Rio foi informada sobre o STF. Confirmar se o caso realmente tinha ido parar no Supremo tornava tudo mais importante, pois o conturbado Caso Marielle poderia ser paralisado. Tudo foi novamente rechecado, a editoria tratou de se cercar de ainda mais cuidados sobre a existência do documento da portaria e dos depoimentos do porteiro. Na terça-feira, dia 29 de outubro, às 19 horas, a editoria Rio confirmou, sem chance de erro, que de fato o MP estadual consultara o STF.

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