Coronavírus: Hospital do Ipasgo será retaguarda do HDT, diz Caiado
Governador afirma que repatriamento de brasileiros em Anápolis contribuiu para que Estado se preparasse para coronavírus
Com 222 leitos e uma atuação específica, neste momento, para pacientes do coronavírus em casos críticos e semicríticos, o Hospital do Ipasgo será a retaguarda do Hospital de Doenças Tropicais (HDT). A informação foi dada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) na tarde desta quinta-feira (12), durante anúncio de medidas de prevenção ao Covid-19, no próprio Hospital do Ipasgo. “Vocês, goianos, não estão desprotegidos”, prometeu o gestor.
Destaca-se, que também durante o encontro desta tarde, o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, e o governador confirmaram os três primeiros casos do novo coronavírus em Goiás. Os exames foram feitos no Laboratório de Saúde Publica Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen/GO), em Goiânia.
Uma das vítimas é uma idosa de 61 anos, que mora em Rio Verde, e que esteve recentemente na Espanha. Duas moradoras de Goiânia também estão infectadas: uma de 38 anos, que viajou para Itália, e uma de 38 anos que viajou para o Estados Unidos. Nenhuma das mulheres apresentaram sintomas graves, e estão em isolamento domiciliar.
Ressalta-se que o Hospital de Doenças Tropicais (HDT), irá fazer triagem de possíveis casos suspeitos e confirmados, e decidirá se ficarão em quarentena domiciliar ou internação hospitalar.
Preparado
Segundo o governador, Goiás antecipou protocolos e se preparou no momento em que acolheu os brasileiros repatriados da China, em Anápolis. Além disso, ele garantiu que o Estado possui uma equipe técnica de excelência no Lacen para realizar os exames.
Ele destacou, também, que, graças ao decreto de situação de emergência será possível tomar as providências necessárias – entre elas, comprar insumos sem licitação – como comprar máscaras e aparelhos respiratório, da forma menos burocrática possível. “Temos que tomar essas prerrogativas legais para que as atitudes sejam tomadas.”
Ainda em seu discurso, Ronaldo Caiado declarou que serão cancelados grandes eventos, com grandes aglomerações. As jogos não serão cancelados, mas não haverá torcida. “Apenas a presença dos jogadores e dos câmeras”, disse ao resumir a cobertura esportiva. Em relação as aulas, estas, neste momento, não serão canceladas, mas a depender do que ocorrer pode acontecer.
Hospital do Ipasgo
O Hospital do Ipasgo será retaguarda do HDT, segundo Caiado. Este tem 222 leitos e será equipado para ser utilizado de acordo com a necessidade. Conforme o governador, graças a experiência de quarentena em Anápolis, o Hospital de Doenças Tropicais possui uma equipe “extremamente preparada e profissionais respeitados internacionalmente, que irão preparar as pessoas que irão para o Hospital do Ipasgo”.
“Aceleramos a construção”, também relacionou ao recebimento dos repatriados às obras da unidade de saúde. “Somos o único Estado no País que tem como retaguarda um hospital com 222 leitos, que pode tranquilamente receber doentes em estado crítico e semicrítico, para ter tratamento adequado.”
Reuniões
Além da reunião com o poder Legislativo e Judiciário, relatou ter se encontrado com empresários, médicos e outras categorias. Aos seus secretários, ele estipulou que fosse permitida a flexibilização daqueles servidores que utilizam o transporte coletivo. O mesmo pedido foi feito aos empresários, a fim de se evitar as aglomerações.
Também foi determinado que fossem realizadas campanhas educativas, inclusive com o apoio da imprensa, para que as pessoas evitem cumprimentar com as mãos – fonte de transmissão –; que as lavem sempre, com álcool gel 70%; evitem locais com grandes aglomerações; e procurem áreas bem ventiladas. “Me reuni com os empresários e vamos dar o exemplo.” Também foi falado, segundo ele, sobre a higienização constante de ônibus, taxis, que se tenha a rotina de limpar mesas de conversação, balcões, enfim, se realize cuidados de assepsia.
Médicos das mais diversas especialidades também se reuniram, conforme informado por Caiado, bem como grupos de segurança. “Promovemos uma reunião ampla para produzir protocolos nas normas que o Ministério da Saúde determina. Estamos seguindo à risca a parte de higienização de cuidados.”
Tranquilidade
O governador reforçou que seu desejo é tranquilizar os goianos. De acordo com ele, os exames só devem ser feitos quando a pessoa sentir, além da tosse e refriado, dificuldades de respirar. “Não tendo problema pulmonar, quarentena em casa.”
Ele ainda garantiu que os idosos, principal grupo de risco, serão integralmente vacinados em casa ou nos asilos. “Nenhum irá ao posto de saúde. O risco maior é o idoso, que já tem outras doenças”, apontou.
“Meu desafio como médico e governador é poder chegar ao final desses quatro ou seis meses e mostrar que Goiás teve o melhor comportamento, com os melhores resultados. Para isso, toda a área de saúde precisa da compreensão da população”, voltou a reforçar o não cumprimento físico. “Não é falta de educação, neste momento.” De acordo com ele, agentes comunitários de saúde e vigilância de todos os municípios já são comunicados dos procedimentos e foram solicitados que informem os possíveis casos. “Até mesmo para termos os números reais”, justificou. “Estamos tomando todos os cuidados. Inclusive, os protocolos de limpeza também serão fornecidos ao sistema prisional, bem como a orientação”, disse
“Vocês, goianos, não estão desprotegidos. Sabíamos que chegaria em Goiás, é óbvio. O que temos que fazer é ter uma meta: menor incidência e melhores resultados”, concluiu.
Participações
Ismael Alexandrino (Saúde) garantiu, em sua fala, que Goiás possui temos leitos de UTI suficientes para sustentar a crise. Além disso, ele afirmou que, graças a sazonalidade da gripe, que virá nos próximos meses, foi possível antecipar, junto ao Ministério da Saúde, a campanha contra a influenza para 23 de março – desta forma, evitar dois vírus.
O presidente do Ipasgo, Silvio Fernandes, também presente, tranquilizou os usuários do plano e afirmou que já atua para que os exames de suspeitas do novo coronavírus sejam colhidos na residência do paciente, em todos os municípios. “É o momento de pensar em saúde coletiva.”
Menos otimista, o deputado federal Zacharias Calil (DEM) prevê que pode faltar material nos centros cirúrgicos. Segundo ele, provavelmente, por conta da grande procura de máscaras, os profissionais da saúde deverão voltar a utilizar produtos de pano.