De cada dez tuítes sobre números da Covid-19, nove são contra Bolsonaro
Crítica à forma como Ministério da Saúde conduz ações contra pandemia concentrou 89,1% das menções ao tema no Twitter
A crítica à mudança no protocolo do governo Jair Bolsonaro para a divulgação de dados sobre mortos e infectados na pandemia de Covid-19 concentrou 89,1% das menções ao tema no Twitter. O levantamento foi feito pela consultoria Arquimedes a pedido do Sonar com base em 468 mil menções na rede social feitas entre os dia 04 e 08 de junho. Apenas 10,9% das menções foram favoráveis ao governo.
Segundo o levantamento, as críticas se concentraram no negacionismo de Bolsonaro em relação ao coronavírus e à falta de transparência do governo. Já os que defendem o presidente argumentaram que os dados continuam sendo divulgados e atacaram a TV Globo.
— A gente tem notado crescente descontentamento com as ações do Bolsonaro em relação ao coronavírus nas redes. Isso acaba por atrair grupos distintos. Quando ele toma um tipo de decisão como essa, esses grupos encontram eco e coesão — analisa Pedro Bruzzi, fundador da Arquimedes.
Os dados indicam que a crítica ao governo uniu grupos distintos no Twitter. Não só perfis que tradicionalmente estão na oposição política, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), e da imprensa, que foram responsáveis por 45,6% das menções e estão em vermelho no grafo abaixo, mas também perfis de fora da política que criticaram o governo em tom de piada usando memes (13,1%, grupo azul claro), como o de Bruno Sartori, que usa deepfake para fazer vídeos de humor; lava-jatista e liberais em verde, com destaque para o ex-ministro Sergio Moro e o ex-presidenciável João Amoêdo (13,1%); perfis de fora da política em laranja que criticaram o governo pela falta de transparência (6,4%); e perfis menos alinhados à oposição em rosa, que não costumam participar do debate político do dia a dia (14,3%).