Delegado Waldir diz que estudantes são maconheiros e eles são impedidos de falar durante a Comissão de Educação, em Brasília
O PSL vai apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para que os estudantes que tenham condições paguem pelos cursos
A sessão da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em Brasília, terminou em confusão, na tarde desta quarta-feira (22). Estudantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) tentaram fazer perguntas ao o ministro da Educação, Abraham Weintraub, mas foram impedidos. O deputado federal goiano delegado Waldir (PSL) disse que são maconheiros.
Em vídeo gravado, o presidente do Sindicato de Professores das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), Flávio Alves da Silva, diz ao parlamentar: “Vou mostrar em Goiás como o senhor trata os estudantes, deputado”. E ele rebate: “Mostra, meu irmão, vai lá, petista. Aluno é maconheiro. Vagabundo, maconheiro”. E faz o símbolo de cadeia, com os dedos.
O professor se identifica, diz que é docente de uma universidade federal, e que não é petista. O parlamentar, então, revida: “vai trabalhar, rapaz”. Em seguida, Waldir deixa a sala sob vaias. Ao Mais Goiás, o deputado repete o que disse. “Chamei de maconheiro, sim. Todos nós sabemos que as nossas universidades federais, em algumas áreas específicas encontra dezenas de maconheiros, ao invés de estar assistindo aula”, disse.
E ainda explica como aconteceu a confusão. Segundo ele, durante a comissão, ele falou “em defesa da escola pública de qualidade, das famílias, das pessoas de bem, dos professores”. Outros deputados, também, do Partido Social Liberal (PSL), correligionários do presidente da República, Jair Bolsonaro, entraram em um bate-boca com a presidente da comissão, Marcivânia (PC do B). Eles não queriam que os representantes dos estudantes tivessem direito de fala.
Waldir explica que tudo isso aconteceu cinco minutos antes do término da sessão. Ele ainda diz que vários deputados estavam inscritos para falar e que a participação dos estudantes não estava prevista.”Isso não foi combinado. Ela é presidente da comissão e não pode criar uma situação que não estava combinada. Não posso permitir que o ministro, que estava lá há mais de três horas e meia fosse ultrajado por parlamentares. E agora, por estudantes da UNE? Não. Acabou a mamata, acabou a teta de emprego. Não vai ter mais”, disse.
Assista ao vídeo:
Mudanças
Sobre os cortes na educação e a possibilidade de cobrança da graduação, o ministro Weintraub disse ser contrário. “Cobrar dos alunos, eu sou contra. Dos alunos de graduação. É uma discussão que vai ser muito acalorada, e a gente vai gastar uma energia gigantesca para pouca receita que a gente vai pegar, de poucos alunos de famílias ricas que vão pagar.”