Deputada defende presença obrigatória de intérpretes em delegacias para atender mulheres surdas, em Goiás
Projeto tramita na Assembleia visa dar suporte às vítimas de violência com deficiência auditiva para denunciar seus agressores
A deputada estadual Adriana Accorsi (PT) apresentou projeto de lei que torna obrigatória a presença de pelo menos um profissional habilitado em Libras para atender mulheres surdas em delegacias de Goiás. A deputada argumenta que parte significativa das vítimas de violência doméstica só consegue se comunicar por meio dessa linguagem. O Atlas da Violência 2021 aponta que foram 7,6 mil casos de agressão contra pessoas com deficiência em 2019.
Além dos dados oficiais, Adriana afirma que tomou como base para o projeto sua própria experiência como delegada. Ela afirma ter testeminhado a dificuldade de mulheres com deficiência auditiva para denunciar seus agressores.
“As mulheres com deficiência, sobretudo as mulheres surdas, são grandes atingidas pela violência […] Lançamos este projeto para que as mulheres e meninas, ao serem vítimas de qualquer tipo de agressão e abuso, tenham o suporte necessário para que sua denúncia seja manifestada de forma correta e elas sejam, de fato, ouvidas”, explica a parlamentar.
O projeto
A proposta, que já tramita na Assembleia Legislativa, institui uma política de proteção das mulheres surdas vítimas de violência doméstica e familiar e estabelece o Programa de Qualificação Profissional em Libras – QPl, “especialmente para os policiais civis que trabalham realizando registros de ocorrências”.
“Os cursos de qualificação poderão ser destinados aos servidores estaduais lotados nas delegacias de atendimento à mulher cuja admissão deverá ser feita de forma voluntária”, especifica o texto da proposta, destacando que “caso não haja servidores voluntários nas delegacias, o Poder Executivo poderá lotar servidores voluntários de outros órgãos”.
O projeto encontra-se, hoje, na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ).