Deputado Daniel Messac é preso em Goiânia por intimidação a testemunha
O deputado estadual Daniel Messac (PTB) foi preso nesta sexta-feira (6) em Goiânia em uma…
O deputado estadual Daniel Messac (PTB) foi preso nesta sexta-feira (6) em Goiânia em uma ação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MP-GO). O parlamentar realizou os exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) no início da tarde e depois foi encaminhado para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, local onde deve permanecer preso.
A prisão preventiva do parlamentar, que foi decretada hoje pelo desembargador João Waldeck Félix de Sousa do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), é um desdobramento da Operação Poltergeist, que apurou, em 2014, esquemas de contratação de funcionários “fantasmas” na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). Segundo a decisão, o petebista iniciou “assédio velado e ostensivo” a principal testemunha da operação, Natã Michael Pereira Cruvinel. O texto diz ainda que manter solto o deputado Daniel Messac “fatalmente ocasionará obstáculo” às investigações e que podem ocorrer “novas incursões do parlamentar através de outras pessoas”.
A casa do deputado já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão no mês passado. Na ocasião, também foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e outros dois de busca e apreensão contra o ex-policial federal Anderson Luís Coelho, cuja perda do cargo foi decretada em abril de 2018; e em desfavor do pastor evangélico Vagno Sebastião Fernandes de Miranda. Ambos são suspeitos de coagir Natã.
Segundo o Ministério Público, Daniel Messac foi denunciado como chefe de uma organização criminosa que desviava salários de servidores fantasmas do seu gabinete ou indicados por ele. Após a análise do material apreendido em novembro, foi constatado que a intimidação à testemunha ocorreu a mando do parlamentar, o que fundamentou o pedido de prisão.
O Mais Goiás entrou em contato com o advogado do deputado, Leandro Silva, que disse que enviará uma nota com o poscionamento da defesa no final da tarde.
Entenda
As investigações, sob supervisão jurisdicional de Waldeck, tiveram início em 2013, quando Messac e outras dezenas de pessoas tornaram-se alvo de esclarecimentos para indícios de peculato e lavagem de dinheiro. As suspeitas eram de que os envolvidos contratavam servidores públicos fantasmas para se apropriarem da parcela majoritária de seus respectivos salários sem que houvesse qualquer “contrapartida laboral” desses “trabalhadores”.
A suposta trama ganhou contornos detalhados com a delação de um dos membros do grupo, Natã Michael Pereira Cruvinel, então servidor fantasma na Alego. Em 27 de maio de 2017, porém, o delator informou ser alvo de “ostensivos assédios” para mudar o conteúdo de seu relato em juízo.
Naquele mês, de acordo com a sentença, Natã foi contatado, via telefone, pelo pastor Vagno, o qual desejava um encontro pessoal. Como era estagiário do forum da cidade, “Natã perspicazmente marcou a reunião na respectiva sala do Tribunal do Júri, onde havia uma câmera de segurança”, detalha o desembargador.
No local e data agendado, Vagno compareceu ao lado do então policial federal Anderson Coelho. Juntos, eles solicitaram que o estagiário e funcionário fantasma modificasse seus relatos. De acordo com Waldeck, Anderson foi o mais efusivo. “Apresentando-se como advogado, ele repetiu por várias vezes que Natã estava prestes a manchar o nome de pessoas importantes e perigosas”, o que gerou oportunidade para a prisão de ambos.