PEC da Previdência

Deputado diz que pode romper com Caiado caso a PC seja prejudicada pela PEC da Previdência

Deputado diz ter sofrido retaliação por defender os servidores públicos, em especial a Polícia Civil, que pode deflagrar uma greve

Deputado Humberto Teófilo garante que agora é oposição

O deputado estadual Humberto Teófilo (PSL) pode romper com o governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM), por se posicionar contra a Reforma da Previdência e o Estatuto do Servidor. As pautas devem ser votadas, ainda esta semana, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Humberto disse não votar nas matérias para defender os servidores públicos. Ele, que é delegado da Polícia Civil (PC), explica que os colegas policiais querem isonomia.

“Não podemos aceitar, em uma operação que participa um PM e PC, ambos tomarem um tiro na cabeça, e a pensão por morte ser 100% para o cônjuge do policial militar e não ser para o companheiro do PC. [Então] Sugerimos que seja alterado um pequeno detalhe na PEC da Previdência.”

Para ele, isso é o mínimo que o governador pode fazer pela segurança pública. “Ele não elogia a segurança pública?”, questiona retoricamente. Segundo o deputado, Caiado disse que é necessário aprovar a PEC como está, bem como os estatutos.

“Eu sempre fui bem claro com o governador: contra servidor público não votava e vou fazer isso no plenário. Sou contra a PEC, contra os estatutos, que estão retirando direitos dos servidores”, reforçou.

Ele ainda diz que, com essa rigidez o governador está “aniquilando” a segurança pública, que ele tanto diz admirar. “O mais triste é saber que eu me posicionando a favor do servidor público, estou sendo punindo por isso. Sempre fui leal ao governador. De repente, me posiciono e dizem que, a partir de hoje, sou da oposição. Pelo visto, nada mudou no parlamento.”

Greve da PC-GO

Se Teófilo está decepcionado, a PC-GO não está inerte em toda essa discussão. O Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO) pode deflagrar uma greve geral em caso de aprovação da reforma da previdência estadual. Categoria critica a retirada de paridade e integralidade na nova legislação. Corporação também reivindica mais investimentos e afirma que “irá parar” se os direitos forem extintos. Entidade alega que o atual governo promove a destruição da polícia com ações chamadas de irresponsáveis. Votação da reforma deve ocorrer ainda esta semana.

Pela legislação atual, os policiais civis homens devem contribuir por 30 anos e as mulheres por 25 anos. Não há exigência de idade mínima. A corporação ainda tem direito à paridade (reajuste no salário de aposentados com base em servidores ativos) e integralidade (pensão igual à totalidade da remuneração do servidor). Com a reforma, porém, a contribuição fica estabelecida em 30 anos para ambos. E seria instituída idade mínima de 55 anos. Paridade e integralidade foram retiradas da proposta. A diferenciação feita entre PCs e PMs também é motivo de insatisfação.

Mais cedo, o Mais Goiás procurou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) em busca de um posicionamento sobre o tema. A pasta ainda não atendeu as demandas.

Cargos no Natal

O deputado ainda criticou a concessão de cargos no governo. “Todos os deputados têm cargos, os meus já foram exonerados”, relata. “Eu não prometi nada para ninguém… Mas fico chateado pelas pessoas perdendo cargos na véspera de Natal e ano novo. E não é por cargo que vou mudar meu posicionamento.”

Em relação ao rompimento com o governador, Teófilo, que desde o início da legislatura foi um dos mais ávidos defensores de Caiado, diz ter ouvido que o gestor não queria saber de seu nome. “A gente luta até o final, mas não entro mais em negociação. Se não quer saber [do meu nome], eu deixo os colegas tentarem o diálogo.”