Deputado goiano “gere” orçamento secreto de Bolsonaro e causa desavenças, diz reportagem
Segundo matéria de O Globo, assinada por Malu Gaspar, Vitor Hugo criou seu próprio sistema de castas para divisão do espólio no PSL
O deputado federal goiano Major Vitor Hugo (PSL) é apontado por reportagem de O Globo como uma espécie de “gerente” do orçamento secreto do governo federal. O parlamentar governista seria o articulador de um “sistema de castas” criado, segundo o texto, por Arthur Lira (PP) para liberação do dinheiro para deputados próximos, o que tem gerado desavenças.
Segundo aponta a reportagem, assinada por Malu Gaspar, Vitor Hugo criou seu próprio sistema de castas para divisão do espólio no PSL. Ele dividiria as emendas parlamentares vindas do orçamento secreto, repartido por Lira, de acordo com critérios próprios, sem divisão equânime no partido.
A matéria relata que a divisão tem gerado mal-estar entre os correligionários. Um deles seria o deputado paraibano Julian Lemos, que furioso, teria entrado no escritório da liderança do PSL, de Vitor Hugo, e bradado: “O que vocês estão fazendo é roubo. Mas vocês não estão me roubando, estão roubando o meu estado! Não vou admitir!'”. É que o deputado tinha ficado sem o seu quinhão.
A revolta também estaria espalhada em grupo de WhatsApp do partido por deputados não contemplados com recursos.
A reportagem aponta que Vitor Hugo guardou R$ 100 milhões só para ele. Para parlamentares mais fiéis, como o delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), ele reservou R$ 50 milhões. Os mais distantes receberam R$ 10 milhões. Enquanto outros não levaram nada.
O Mais Goiás tenta contato com o deputado Major Vitor Hugo.
Orçamento secreto
Ainda segundo a reportagem, Lira tem R$ 11 bilhões para distribuir entre os deputados. Outros R$ 5,8 bilhões vão para o Senado – e agora serão administrados por Ciro Nogueira (PP) no ministério da Casa Civil.
O Globo aponta ainda que Lira criou um sistema de castas para a divisão do dinheiro das emendas, que varia de acordo com o tamanho do partido e também conforme a importância de cada parlamentar.
“Deputados da casta inferior têm direito a carimbar cerca de R$ 20 milhões, líderes R$ 80 milhões e chefes de partidos e bancadas mais fiéis a Lira chegam a ter direito a distribuir mais de R$ 100 milhões em emendas para suas bases”, aponta a reportagem.
O orçamento secreto seria uma modalidade de envio de recursos à parte das emendas parlamentares oficiais em que o relator do Orçamento pode escolher para onde enviar o dinheiro sem ter que obedecer a uma cota fixa. O que dificulta a fiscalização.