NA CÂMARA FEDERAL

Deputado quer que Bolsonaro justifique utilização “ideológica” da Anvisa

Depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a retomada de testes da vacina…

Depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a retomada de testes da vacina CoronaVac – contra a Covid-19 -, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) lembrou que o partido requereu a convocação de Bolsonaro (sem partido) à Câmara para esclarecimentos. “A Anvisa não pode ser instrumento da guerra ideológica de Jair Bolsonaro”, escreveu.

“A Anvisa anunciou a retomada dos testes da vacina contra a Covid. O pedido do PSOL para convocar o presidente do órgão para prestar esclarecimentos na Câmara continua de pé”, escreveu, também.

Vale lembrar, na última segunda (9) a Anvisa disse que os estudos seriam suspensos por causa de um “evento adverso grave” na fase de testes, que, conforme apurado pelo O Globo, foi a morte de de um voluntário. Contudo, boletim de ocorrência registrado em São Paulo indicou que o óbito foi por suicídio.

Depois de críticas do Instituto Butantan, que é parceiro na produção da vacina com a empresa chinesa SinoVac Biotech, a Anvisa chegou a dizer que as informções fornecidas tinham sido “insuficientes e incompletas”. Contudo, nesta quarta, a agência disse que não teve acesso, à época, ao boletim de ocorrência e que os dados foram entregues somente na terça-feira (10).

“A medida, de caráter exclusivamente técnico, levou em consideração os dados que eram de conhecimento da Agência até aquele momento e os preceitos científicos e legais que devem nortear as nossas ações, especialmente o princípio da precaução que prevê a prudência, a cautela decisória quando conhecimento científico não é capaz de afastar a possibilidade de dano”, afirmou a agência.

Deputados goianos

Rubens Otoni (PT), deputado federal goiano, disse ao Mais Goiás que ação movida pelo PT no Supremo Tribunal Federal (STF) exigindo informações da Anvisa sobre a suspensão dos testes, motivou a agência a rever o posicionamento. “O STF julgou procedente e deu 48h para a Anvisa se explicar. Por isso a Anvisa voltou atrás na sua decisão”, declarou.

Ainda de acordo com ele, “é uma posição absurda do governo brasileiro fazer da vacina motivo de enfrentamento ideológico. O povo brasileiro precisa da vacina , para salvar vidas. Independente de onde venha”. Sobre  o pedido de participação de Bolsonaro na Câmara para justificar essa posição, o petista – cujo partido tem a maior bancada – afirma que “tem todo o nosso apoio”.

Comemorou a suspensão

Vale lembrar, na terça-feira Bolsonaro chegou a comemorar a suspensão pela Anvisa dos estudos da vacina. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, ele escreveu no Facebook, em resposta a um seguidor que lhe perguntou se o imunizante contra a Covid-19 em desenvolvimento por uma farmacêutica chinesa e pelo Instituto Butantan seria comprada pelo governo federal.

“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o [governador João] Doria queria obrigar todos os paulistanos a tomá-la”, escreveu o presidente como resposta. “O presidente [Bolsonaro] disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

Destaca-se que esta não é a primeira vez que Bolsonaro protagoniza desentendimentos com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em relação à vacina. No mês passado, o presidente desautorizou um acordo do Ministério da Saúde com o estado de São Paulo para comprar 46 milhões de doses da Coronavac.