A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) classificou como “absurda” e “antidemocrática” a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) de impedir que a imprensa registrasse o momento de sua votação, na tarde deste domingo, na capital gaúcha. O juiz Niwton Carpes da Silva, da 160º zona eleitoral, proibiu que jornalistas acompanhassem a petista até a sala de votação, como costuma acontecer com autoridades e personalidades políticas. Ele alegou que, por ser uma cidadã comum, ela deveria votar desacompanhada. Somente o candidato à prefeitura de Porto Alegre Raul Pont (PT) conseguiu acompanhar Dilma.
“Acho antidemocrático. Acho um absurdo impedir a imprensa de chegar aqui”, disse Dilma na saída da sala de votação, ainda dentro da escola. No momento em que ela falava com alguns jornalistas que conseguiram acessar o saguão, houve um confronto entre a Brigada Militar e os repórteres que ainda tentavam acesso.
Na confusão e no empurra-empurra, uma porta de vidro foi quebrada e algumas pessoas ficaram feridas, entre elas Silvana Conti (PCdoB), a candidata a vice de Raul Pont. Dilma foi orientada a aguardar por alguns segundos antes de deixar o lugar para que não se machucasse.
Depois, ela saiu por uma porta lateral do prédio, onde um carro a aguardava. “Sempre votei. Nunca houve isso”, afirmou a ex-presidente quando se dirigia ao automóvel. “Nunca a Brigada Militar foi chamada, nunca fecharam as portas. É lamentável.”
Questionada sobre o argumento usado pelo juiz do TRE – que disse que por ser uma cidadã comum ela não poderia ter tratamento especial, nem ninguém acompanhando seu voto – Dilma disse que tinha orgulho de ser uma cidadã comum. “Há que se ter orgulho de ser cidadã nesse País”, falou.
Lideranças do PT que presenciaram a confusão, como o ex-ministro Miguel Rossetto e o deputado federal Henrique Fontana, disseram que o partido vai apresentar uma representação junto ao TRE-RS alegando tentativa de censura à ex-presidente.
Ao falar com a imprensa após a saída de Dilma, o juiz foi questionado por que outros ex-presidentes, como Fernando Henrique Cardoso (PSDB), por exemplo, costumavam ter seu voto acompanhado por jornalistas. “Um erro não gera precedente”, ele falou. “A imprensa começou a pressionar, queria entrar de qualquer jeito, e este foi o grande dilema. O movimento de fora para dentro foi enorme”, acrescentou Niwton Carpes da Silva, justificando a confusão.