Força-tarefa/STF

Do bloqueio de fundo à anulação de sentenças, veja as derrotas recentes da Lava Jato

Resultado de julgamento desta quarta pode contribuir para anulação de condenações, entre elas a de Lula, no caso do Sítío de Atibaia

STF

Nesta quarta (2), o Supremo concluiu mais uma etapa do julgamento que representou uma derrota para a Lava Jato. Por 7 votos a 4, a corte definiu que um rito processual adotado em parte das ações penais da operação pode levar à anulação de condenações. Isso pode anular, entre outras, a sentença do ex-presidente Lula (PT) no caso do sítio de Atibaia (SP). Ele foi condenado em primeira instância por corrupção e lavagem de dinheiro e recorre da decisão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Essa não foi a primeira batalha perdida pela força-tarefa no Supremo. Em março, por exemplo, o tribunal definiu que crimes de corrupção, quando associados a caixa dois, devem ser julgados na Justiça Eleitoral, e não mais pela Justiça comum, como vinha ocorrendo com os casos da Lava Jato. Abaixo, veja outras derrotas da força-tarefa no STF:

Delatores versus delatados

Nesta quarta (2), o Supremo decidiu que, em um processo com réus delatores e delatados, os delatados têm o direito de falar por último -em termos técnicos, devem oferecer suas alegações finais depois dos réus delatores. Esse foi o mesmo entendimento da Segunda Turma do tribunal em julgamento de agosto que anulou pela primeira vez uma condenação do ex-juiz Sergio Moro no âmbito da Lava Jato.
A decisão pode levar à anulação de outras sentenças da operação, entre elas a que condenou em primeira instância o ex-presidente Lula (PT) por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia (SP).

Uso de dados do Coaf

A pedido do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o presidente do STF, Dias Toffoli, suspendeu investigações criminais baseadas em informações detalhadas fornecidas por órgãos de controle –caso do Coaf, Banco Central e Receita Federal.
A Lava Jato afirmou que, embora não consigam quantificar quantas investigações serão afetadas, considera a decisão prejudicial para apurações de corrupção e lavagem de dinheiro.

Crime eleitoral e crime comum

Em março, o Supremo decidiu que crimes comuns, como corrupção e lavagem de dinheiro, quando associados a crimes eleitorais, como caixa dois, devem ser julgados pela Justiça Eleitoral. O resultado foi uma derrota para os procuradores da Lava Jato, que defendiam a separação do processo (a parte referente a crimes eleitorais caberia à Justiça Eleitoral e o restante seria julgado pela Justiça comum).
Para membros da Procuradoria, a decisão do STF prejudica a Lava Jato, uma vez que muitos dos processos ligados à operação envolvem a combinação entre caixa dois e corrupção.

Inquérito das fake news

O presidente do STF, Dias Toffoli, abriu em março um inquérito para apurar fake news, ameaças e ofensas criminosas contra membros do tribunal e seus familiares. A investigação, que tramita em sigilo, tem o ministro Alexandre de Moraes como relator.
O anúncio foi visto com maus olhos pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Procuradores acreditavam que entre possíveis alvos estariam membros do Ministério Público que teriam, na visão de alguns ministros, incentivado a população a ficar contra decisões do Supremo.
O alvo mais recente do inquérito foi o ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Na semana passada, Moraes determinou uma operação de busca e apreensão na casa do ex-procurador, que disse em entrevista que planejou matar o ministro Gilmar Mendes. Na ação da PF, sua arma foi apreendida.

Fundo anticorrupção

Em março, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu, a pedido da Procuradoria-Geral, o acordo que previa a criação de uma fundação com parte dos R$ 2,5 bilhões recuperados da Petrobras, pagos graças a um acordo da estatal com o governo americano. A ideia inicial da força-tarefa era que a entidade de direito privado, a ser criada em processo coordenado pela Procuradoria em Curitiba, financiasse projetos anticorrupção.
Moraes também determinou o bloqueio dos valores sob tutela da Justiça Federal do Paraná e condicionou qualquer movimentação a autorização do Supremo. Em setembro, o ministro homologou acordo que definiu que os recursos serão usados na educação e em defesa da Amazônia.