E agora, Jair? O que você fará quando o voto impresso for arquivado?
Presidente não faz mais nada e dedica todo seu tempo ao questionamento das urnas eletrônicas
Jair Bolsonaro só pensa naquilo. Sim, de forma hetero, é claro. Quando não está pensando em piadinha tiozão de duplo sentido, dedica sua minúscula capacidade de trabalho para fazer barulho pelo voto impresso. Desse jeito, não sobra tempo pra governar o Brasil, né? E a pergunta que fica: quando o Congresso sepultar de uma vez por todas essa conversinha de voto auditável, o que fará Bolsonaro?
Todo passado de Jair mostra que o que ele sabe fazer de verdade é criar confusão. Seja no Exército, seja na Câmara dos Deputados, Bolsonaro só conseguiu aparecer quando arrumou alguma treta. Logo, dá para afirmar sem medo de errar que no dia seguinte ao arquivamento da proposta de voto impresso, o presidente vai arranjar outra coisa para encrencar. Ele só sabe fazer isso.
Se estivéssemos falando de alguém normal, o cara iria governar para tentar reverter a acelerada derrocada de seus índices de aprovação. Mas administrar o país é muito difícil e Jair não tem competência sequer para coisas ridiculamente fáceis, quem dirá as difíceis. Pode esperar mais maloqueiragem institucional de alto calibre nas semanas vindouras.
Lembro do poema E agora, José?. Sei do tamanho da heresia que cometo ao colocar o mesmo parágrafo os nomes de Carlos Drummond de Andrade e Jair Bolsonaro. Peço licença ao poeta por tamanha falha, mas é preciso citar o gigante de Itabira para os duros tempos de hoje. Troque José por Jair e verá o que o futuro reserva para o presidente.
“E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora, José? E agora, você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? E agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, E agora, José?”.
E agora, Jair?
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil