SEM EFICÁCIA

“É melhor sugerir chá de raiz de fedegoso”, diz Caiado sobre tratamento precoce

Secretaria de Estado da Saúde já havia negado qualquer possibilidade de aplicação de medicamentos sem comprovação

Ronaldo Caiado (Foto: Jucimar de Sousa)

O governador Ronaldo Caiado (DEM) rebateu, durante a reunião com prefeitos da Região Metropolitana no sábado (6), a sugestão do Ministério Público Federal de Goiás (MPF) para aplicação do suposto tratamento precoce contra Covid-19 pelos municípios. “É melhor sugerir o uso de chá de fedegoso“, disse o democrata.

“Tem o mesmo efeito no combate à covid-19 — nenhum –, mas pelo menos não causa esses efeitos colaterais graves”, continuou o governador.

A Secretaria de Estado da Saúde já havia negado qualquer possibilidade de aplicação de medicamentos que não possuem validação científica ou eficácia comprovada como tratamento de pacientes acometidos pela covid-19.

O MPF divulgou nota técnica, com 117 páginas a 117 municípios, em que defende o uso de drogas sem eficácia contra a doença causada pelo coronavírus como hidroxicloroquina e ivermectina. O documento foi assinado por médicos infectologistas Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Cardoso Alves. A biomédica Rute Alvez Pereira e Costa e o psicólogo Bruno Campelo de Souza também são signatários.

Ineficácia

Das seis empresas farmacêuticas que fabricam cloroquina ou hidroxicloroquina no Brasil, quatro não recomendam o remédio para tratar a covid-19; entre elas, a Apsen, principal fabricante do medicamento no país. O outros três laboratórios que rejeitam o tratamento são Farmanguinhos/Fiocruz, EMS e Sanofi-Medley. A Organização Mundial de Saúde (OMS) rejeita de forma conclusiva o medicamento para este fim.

Já em maio de 2020, a Sociedade Brasileira de Imunologia alertava para a falta de evidência da hidroxicloroquina e para as reações adversas. “Baseados nas evidências atuais que avaliaram a utilização da hidroxicloroquina para a terapêutica da COVID-19, a Sociedade Brasileira de Imunologia conclui que ainda é precoce a recomendação de uso deste medicamento na COVID-19, visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes que utilizaram hidroxicloroquina. Além disto, trata-se de um medicamento com efeitos adversos graves que devem ser levados em consideração”, informou à epóca.