Congresso

É preciso alinhar Senado antes de enviar projeto de privatização, diz chefe da Eletrobras

"Não adianta você começar o debate na Câmara, se você não tem a segunda Casa com um nível de convergência semelhante"

É preciso alinhar Senado antes de enviar projeto de privatização, diz chefe da Eletrobras

Para levar o projeto de privatização ao Congresso, o Senado precisa estar alinhado com a proposta, disse o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira.

“Não adianta você começar o debate na Câmara, se você não tem a segunda Casa com um nível de convergência semelhante, não impedindo. Porque senão todo o esforço feito na Câmara pode se perder”, afirmou.

Ferreira participou nesta quarta-feira (29) do evento Latin America Investment Conference 2020, promovido pelo banco Credit Suisse.

Na sua avaliação, hoje a discussão sobre a privatização da Eletrobras está avançada na Câmara, mas ainda não há uma mobilização semelhante entre os senadores.

“Há uma aceitação muito clara. Houve muito debate, [mas] houve menos no Senado. É preciso fazer isso”.

Questionado sobre a previsão da privatização da empresa, Ferreira disse que, “sem dúvida, o projeto é fazer ainda neste ano”.

Barrado no Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse em dezembro que, se o governo não apresentar uma nova modelagem, não conseguirá aprovar a capitalização da Eletrobras.

Questionado, ele também defendeu que o governo mantenha a chamada golden share, ação que dá poder de veto à União em decisões sensíveis da empresa.

“A modelagem da capitalização não está sendo considerada boa para este momento. O governo [tem que] entender que, se não construir uma modelagem nova, não vai passar no Senado. Se mudarem a modelagem, pode ser que tenha apoio”, afirmou Alcolumbre.

De acordo com ele, 48 senadores do Norte e do Nordeste são contra a capitalização da empresa no modelo que está proposto.

O projeto de capitalização da Eletrobras foi entregue pelo governo ao Congresso no início de novembro. Demorou tanto para sair que a previsão de receitas decorrentes do processo de venda das ações em posse da União precisou ser retirada do Orçamento da União.

Apesar de atender a pleitos dos parlamentares, como a destinação de R$ 3,5 bilhões para a revitalização do rio São Francisco, o projeto corre o risco de ficar paralisado.