ELEIÇÕES

É uma satisfação poder se sentir útil, diz Bolsonaro ao lado de Nunes

Ex-presidente Bolsonaro discursou por 2 minutos em almoço com candidato do MDB em churrascaria em SP

(Folhapress) Após um primeiro turno ausente, Jair Bolsonaro (PL) participa do primeiro compromisso de campanha de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo.

Em discurso de pouco mais de dois minutos, o ex-presidente afirmou que era uma satisfação “poder sentir-se útil” e que é preciso “trabalhar com convicção e entendimento que o melhor para São Paulo é a continuidade de Ricardo Nunes”.

“Em nove capitais, sou 22, mas aqui em São Paulo, sou 15”, disse.

Bolsonaro afirmou ainda que há muita abstenção e votos nulos. “Temos que comparecer”, emendou. E lembrou seu acordo com Nunes, quando era presidente, para a dívida de São Paulo.

Os dois participam de almoço com empresários e políticos nesta terça-feira (22) na Fazenda Churrascada, no Morumbi, na zona oeste de São Paulo.

Bolsonaro, Nunes e Tarcísio de Freitas (Republicanos) chegaram juntos por volta das 12h45, vindos do Palácio dos Bandeirantes, onde o governador hospeda o ex-presidente. Do lado de fora, manifestantes de esquerda fizeram um protesto contra a presença do ex-mandatário.

Os três sentaram lado a lado no palco montado dentro da churrascaria. Ao centro, Bolsonaro teve Tarcísio à sua direita e Nunes, à esquerda. A primeira-dama Regina Nunes também sentou ao lado do prefeito.

O senador Rogério Marinho (PL-RN), o candidato a vice Ricardo Mello Araújo (PL), o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o presidente do MDB, Baleia Rossi, também compõem o palco.

Com a voz rouca, Tarcísio, que foi saudado pelos demais como a pessoa que mais trabalhou na campanha, brincou que essa era a voz “do fim de campanha”.

“Até o último minuto, temos que buscar os indecisos. […] O que me dá conforto é saber que terei na prefeitura um grande parceiro”, disse o governador.

Entre aliados do prefeito, havia dúvidas se a participação de Bolsonaro no segundo turno seria benéfica, diante de sua rejeição perante o eleitorado paulistano e dado o fato de que Nunes, afinal, chegou à segunda etapa da disputa acirrada sem grande ajuda do padrinho, pelo contrário.

O almoço no Morumbi é organizado pelo empresário Fauzi Hamuche, da confraria Caves (Confraria de Amigos do Vinho Eduardo Saddi), e os participantes devem pagar R$ 130 para custear a refeição.

Também está previsto que Bolsonaro, Nunes e Tarcísio compareçam a um culto da Igreja Sara Nossa Terra à noite. O ex-presidente vai passar a noite em São Paulo e, na quarta-feira (22), vai a Santos (SP) fazer campanha para Rosana Valle (PL), candidata a prefeita.

Além disso, a ideia é que o ex-mandatário, o prefeito e o governador gravem juntos um podcast para alimentar o conteúdo de campanha, no estilo do que Nunes e Tarcísio fizeram no primeiro turno, com cortes sendo publicados nas redes sociais.

Os temas previstos para a conversa são aqueles que aproximam Nunes e Bolsonaro, envolvidos desde o ano passado numa aliança pragmática.

Eles devem falar sobre o acordo entre prefeitura e governo federal envolvendo o Campo de Marte para extinguir a dívida do município com a União, da gestão do vice Ricardo Mello Araújo (PL) na Ceagesp, de segurança pública e de assuntos conservadores que o emedebista defende, como ser contrário ao aborto e à chamada ideologia de gênero.

Após um ato de campanha na noite desta segunda-feira (21), ao ser questionado sobre o encontro com Bolsonaro, Nunes disse que o presidente o apoiou desde o começo e que era “uma pena” que ele não tenha podido ir a agendas anteriores “porque estava percorrendo o Brasil”.

“Bolsonaro é o maior líder do Brasil da direita. A gente representa o campo do centro e da direita. Acho que ajuda a reforçar e consolidar esse voto da direita. É sempre importante ter todos os apoios. A cidade de São Paulo é isso, e o meu governo é isso e será isso. Um governo para todos. Um

Bolsonaro não se engajou na campanha de Nunes temendo sofrer represálias de apoiadores que preferiam Marçal ao emedebista. A função de padrinho e cabo eleitoral do prefeito acabou sendo transferida para Tarcísio, que chegou a fechar sua agenda para se dedicar à reeleição do aliado.

A participação do ex-presidente, em comparação, se restringiu à presença na convenção eleitoral, em agosto, e à indicação do vice na chapa, o policial militar bolsonarista Mello Araújo. Nunes também participou no 7 de setembro de ato em apoio ao ex-presidente.