Crise

Eduardo Bolsonaro e Mário Frias escancaram crise e trocam farpas com irmãos Weintraub

A confusão começou depois que Frias curtiu a publicação de uma seguidora que citava a possibilidade de prisão de Abraham Weintraub

Moraes abre investigação contra Weintraub após acusações em live - (Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil)

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o secretário especial da Cultura, Mário Frias, trocaram farpas publicamente com os ex-aliados, os irmãos Abraham e Arthur Weintraub, por meio das redes sociais, indicando a crise na extrema-direita bolsonarista.

A confusão começou depois que Frias curtiu a publicação de uma seguidora que citava a possibilidade de prisão de Abraham Weintraub. O irmão do ex-ministro da Educação não gostou e reagiu.

“Não há motivo para prisão do W [Abraham Weintraub]!! O inquérito em que ele estava foi arquivado, pois a lei de segurança nacional (que era base de acusações contra meu irmão) foi revogada. Abolitio criminis (não há qualquer possibilidade de atribuir crime a ele). Esse post é mais torcida ou desejo deles?”, escreveu Arthur Weintraub, em seu perfil no Twitter.

Abraham Weintraub e o seu irmão, Arthur, que é ex-assessor da Presidência da República, retornaram ao Brasil na semana passada depois de um período morando e trabalhando nos Estados Unidos.

Antes de deixar o Brasil, ainda no governo Bolsonaro, Weintraub protagonizou atritos com o STF (Supremo Tribunal Federal) e passou a ser investigado no âmbito do inquérito das fake news por disseminação de desinformação e ameaças aos ministros da Corte.

Pouco tempo depois da mensagem de Arthur, Mario Frias e Eduardo Bolsonaro reagiram, quase que simultaneamente, às acusações dos irmãos.

“Não entendi, Abraham e Arthur, por que estão chateados com uma curtida? Quantas vezes vocês deram aquela curtida marota em inúmeros perfis que chamam o presidente de frouxo, covarde e vendido para o sistema? Não gostaram da brincadeira de oposição sonsa?”, escreveu Mario Frias.

“Esta thread explica muito do que estava ocorrendo nos bastidores. Não se trata de dividir/unir a direita, mas separar o joio do trigo. Todo este tempo que nós engolíamos sapos na verdade era a chance para eles se corrigirem, mas nada foi feito. Então agora está aí tudo às claras”, escreveu Eduardo Bolsonaro.

Na sequência, em tréplica, Abraham Weintraub respondeu somente a Frias e evitou confronto com Eduardo Bolsonaro. “As duas vezes que eu curti algo errado foi por engano. Retirei a curtida, imediatamente, assim que soube. Você, secretário indicado pelo governo, intencionalmente, manifesta apoio à minha prisão. Sempre te recebi bem e te amparei, quando eu era ministro e você estava por baixo.”

Ao retornar ao Brasil para pré-candidatura ao governo de São Paulo, Abraham Weintraub passou a bater de frente com conservadores e a fazer insinuações contra o próprio presidente Bolsonaro, que defende o ministro Tarcísio de Freitas como o seu candidato ao posto nas eleições em outubro

Na última terça-feira, durante uma live nas redes sociais, tanto Weintraub quanto o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo fizeram críticas à aliança do presidente com os partidos do centrão. Para o ex-titular da Educação, os conservadores foram “substituídos por essa turma [do centrão]”. O ex-chanceler, por sua vez, disse que o bloco político “começou a dominar o governo e pautar o governo”.

Weintraub também indicou que o presidente Jair Bolsonaro soube que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz eram alvo de investigação antes que os fatos viessem a público.

Segundo apurou a coluna de Carla Araújo, do UOL, fontes próximas ao presidente afirmam que o ex-ministro quer fazer barulho e chamar a atenção já que pretende ser candidato ao governo de São Paulo em outubro. Mas não há consenso.

Enquanto alguns auxiliares afirmam que há motivo para apreensão e lembram episódios de ex-desafetos do presidente, como o general Santos Cruz e o ex-ministro Gustavo Bebbiano, outros minimizam as declarações de Weintraub e afirmam que a artilharia dele não deve atacar diretamente o presidente e o seu passado no governo.