Surpresa na disputa

Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) vão ao 2º turno em Curitiba

Comentarista e apresentadora bolsonarista surpreende na reta final, e corrida segue com dois nomes do campo da direita

Candidatos à prefeitura de Curitiba Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) (Foto: redes sociais)

(Folhapress) Os candidatos Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) vão para o segundo turno da disputa pela Prefeitura de Curitiba.

Com 100% das urnas apuradas, o candidato do PSD tinha 33,51% dos votos válidos ante 31,17% da representante do PMB. Luciano Ducci (PSB) tinha 19,44% e a chapa de Ney Leprevost (União Brasil), que tem Rosangela Moro como vice, ficou com 6,49%.

A surpresa na disputa deste ano foi a apresentadora e comentarista Cristina Graeml, que, sem tempo de televisão e filiada a um partido nanico, cresceu na reta final da disputa.

Já Pimentel é o atual vice-prefeito, foi apadrinhado pelo prefeito Rafael Greca (PSD) e pelo governador Ratinho Junior (PSD), e sua presença no segundo turno era esperada.

Graeml tirou do jogo nomes experientes nas urnas, como o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) e o deputado federal Luciano Ducci (PSB), que em pesquisas chegaram a aparecer empatados tecnicamente em segundo lugar, com Pimentel na frente.

Cristina é alinhada com pautas bolsonaristas, se engajou em críticas a vacinas contra a Covid na época da pandemia, e se apresenta como um nome “em defesa dos valores conservadores”. Na última semana da campanha, gravou um vídeo com o candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, que defendeu o voto na curitibana.

Ela é formada em jornalismo e trabalhou mais de 20 anos como repórter de televisão na RPC-TV, afiliada da TV Globo. A partir de 2018, passou a atuar como apresentadora e comentarista. Até o início do ano, atuava na Gazeta do Povo. Também passou pela rádio Jovem Pan.

Na reta final da campanha, o crescimento da candidata já era observado pelas campanhas, que passaram a mudar suas estratégias. A coligação de Luciano Ducci, apoiada pelo PDT e PT, fez um apelo para que os eleitores de esquerda considerassem o voto útil, para impedir um segundo turno entre “a extrema direita [Graeml] e a direita [Pimentel]”.

O campo progressista tinha outros nomes na disputa além de Ducci, como Roberto Requião (Mobiliza) e Andrea Caldas (PSOL).

Já aliados de Pimentel foram às redes sociais mostrar mais o candidato a vice-prefeito na chapa, o ex-deputado federal Paulo Martins, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Cristina Graeml tem dito que tem o apoio de Bolsonaro, explorando o fato de o ex-presidente ter aparecido pouco na campanha de Pimentel.

Neto do ex-governador do Paraná Paulo Pimentel, Eduardo Pimentel é pouco experimentado nas urnas –não chegou a cumprir mandatos além da cadeira de vice. Para a disputa deste ano, porém, ele contou com dois fortes cabos eleitorais. Greca e Ratinho Junior se tornaram figuras frequentes da sua campanha na televisão.

Ele também foi o candidato com o maior tempo de televisão, obtido a partir de uma coligação formada por oito siglas: além do PSD, NOVO, PL, MDB, Republicanos, Podemos, Avante e PRTB.

O segundo turno entre Pimentel e Graeml também representa uma derrota para o lava-jatismo, outra força política do campo da direita. Deputada federal por São Paulo, Rosângela Moro (União Brasil), mulher do senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), estreou nas eleições curitibanas como candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada por Leprevost.

Sergio Moro tem pretensões eleitorais em 2026, quando cogita concorrer ao governo do Paraná, e uma eventual vitória do União Brasil na capital do estado era considerada estratégica para o plano futuro.

Deputado estadual e ex-secretário de Ratinho Junior, Leprevost entrou na disputa amparado pelo desempenho que obteve nas urnas de 2016, quando levou a disputa pela prefeitura de Curitiba para o segundo turno, ultrapassando o então prefeito da época, Gustavo Fruet (PDT). No segundo turno, ele acabou derrotado por Rafael Greca, que em 2020 se reelegeu.